Caminhada em favor do desarmamento pára Centro de Aracaju

Milhares de pessoas participaram da caminhada, organizada pela Sociedade Semear, pelo desarmamento da população. Um cortejo, formado por políticos, estudantes, sindicalistas, religiosos, policiais, além do povo em geral, encheu de branco o centro da cidade. Batizada de “Passeata em defesa da vida e do desarmamento”, o movimento teve como principal virtude, unir políticos de facções inimigas sob uma mesma bandeira: o desarmamento. Para o jurista Cezar Britto, presidente da Sociedade Semear, ver um número tão grande de pessoas acorrer ao convite da entidade é uma demonstração do sucesso do ato. “O objetivo, que era ajudar a acabar com esta cultura de que a arma serve para proteger, foi atingido. Felizmente estamos acabando com este mito. A arma é criada única e exclusivamente para matar, e se sua finalidade é matar, jamais seria um meio de proteção. E a população está compreendendo isto e está dizendo ´desarmamento já´”, explica o advogado, que também garantiu que a mobilização deve continuar. “Continuaremos convidando as pessoas para se reunirem na Sociedade Semear, ou em qualquer outro lugar, para que, mobilizadas, continuem dizendo que aprovam o desarmamento e sabem que as armas são a nossa destruição”, garantiu. O secretário de Justiça do Estado, Emanoel Cacho, também esteve no local. Presidente do Fórum Nacional dos Secretários de Justiça do Brasil, Cacho é um dos grandes defensores do desarmamento. Na passeata, ele louvou a presença dos diversos deputados federais do Estado, que devem participar, em Brasília, na discussão e votação do “Estatuto do Desarmamento”. “O ato é um verdadeiro sucesso. Foi prestigiado pela população e, principalmente, por aqueles que vão decidir esse projeto, que são os deputados federais. E esse movimento é muito convencimento. Nós precisamos muito que os deputados votem a favor do estatuto de desarmamento para que a gente possa ter um controle sobre as armas de nosso país”, avalia. O secretário também afirmou que a caminhada foi um “marco zero” na luta contra o desarmamento. “Se o estatuto do desarmamento, que hoje tramita na Câmara Federal, for aprovado, os Governos Federal e Estadual poderão fazer projetos factíveis de segurança pública para o nosso país”, alega. Outra presença marcante na passeata foi do coordenador da ONG “Viva Rio”, uma entidade sem fins lucrativos e apartidária que também tem como bandeira o desarmamento da sociedade. Para ele, o Brasil inteiro se mobiliza pelo controle das armas por não suportar mais a violência. “Infelizmente, o estatuto do desarmamento está ameaçado no Congresso de não ser aprovado, por causa da pressão do lobby das armas que é muito forte. Portanto, é muito importante que o povo brasileiro venha para a rua demonstrar que quer o desarmamento, que quer a paz. E esta mobilização é a única forma, porque o poder de corrupção do lobby vai levar com que muitos deputados que foram financiados com dinheiro dessa indústria da morte trabalhem para que o nosso projeto seja derrotado. O Brasil está farto de violência, por isso nós viemos do Rio para abraçar o povo de Aracaju, para mostrar que estamos todos juntos”, afirmou. Falando em “Estatuto do Desarmamento”, o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, do PT de São Paulo, relator da proposta que está na Comissão Mista das Armas do Congresso, também esteve presente ao ato. Segundo ele, a proposta de sua autoria não vai desarmar as pessoas que necessitam trabalhar utilizando armas. “A pessoa que for honesta, que tiver necessidade para o exercício de sua profissão ou para sua segurança individual e portar uma arma de fogo, vai ter o direito. O direito está consagrado. Agora, nós vamos tornar insuportável, infernal, a vida daquela pessoa que tem uma arma de fogo raspada, ilegal, que não tem porte e que anda por aí dando tiro. Essa daí é uma pessoa que a gente vai prender como crime inafiançável”, adverte o depurado. Greenhalgh explicou como funcionam as coisas atualmente. “Hoje, quando o cidadão é preso com uma arma de fogo ilegal, vai para delegacia. O delegado apreende essa arma e solta o sujeito por R$ 200,00 de fiança. Meia hora depois ele está na rua, atrás de outra arma de fogo. Assim não dá! Essa situação tem que parar. E muitas vezes esta arma apreendida vai parar na mão dos marginais através da própria polícia. Eu tenho no comitê o registro de certas armas que foram apreendidas até sete vezes, em locais diferentes e épocas diferentes. Quem solta a arma? É a polícia. Então, isto não pode acontecer mais no Brasil. Basta de violência. Este estatuto é a melhor lei que a gente fez”, afirmou. A viúva do deputado estadual Joaldo Barbosa, Edla Amaral, também esteve presente à caminhada, que percorreu as ruas Itabaiana, Geru, calçadão da João Pessoa e voltou à Praça Fausto Cardoso. Para ela, se a sociedade não estivesse armada, a história da sua família seria diferente. “Somos a favor do desarmamento dos bandidos. A gente precisa ter um critério muito claro, porque desarmar os homens de bem e armar os bandidos, não vale. Então, somos a favor do desarmamento geral, mas, principalmente, dos marginais. Se houvesse esse desarmamento, meu marido não tinha sido vitimado, não teria sido morto, tirado do lar, da minha vida, da vida dos meus filhos, de uma forma tão trágica, tão bárbara e tão covarde”, atestou.

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