Aracaju possui 36 km de canais para o escoamento de esgoto, esse número atende a quase todos os bairros da cidade. Anualmente, a Prefeitura da cidade através da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) retira cerca de 15 mil toneladas de material dos canais entre lixo, entulho e dejetos, são 15.000 m³ de limpeza todos os anos. Limpeza Mecanizada (Fotos: Ascom/Emsurb)
Mesmo assim, no início do mês de abril, por conta das fortes chuvas que atingiram a cidade, todos os canais da cidade transbordaram para as ruas e avenidas paralelas. Na zona de expansão a situação foi ainda pior, o conjunto Costa do Sol ficou literalmente de baixo d’água por diversos dias. Na região do Mosqueiro, 19 dias depois das grandes chuvas, ainda podem ser encontrados pontos de alagamento.
A reportagem do Portal Infonet procurou saber as causas desses transtornos e se existe uma solução para os canais que são abertos não transbordarem. Segundo o doutor em recursos hídricos pela Universidade de Ehime no Japão e professor da UFS, Ricardo Aragão, existem diversos fatores que provocam enchentes. “Lixo no canal é questão cultural”
“O levantamento do lençol freático que não é um fator natural, a impermeabilização do solo que é uma ação humana e o aterramento das lagoas. No caso dos canais que deságuam no Rio Sergipe existe o fator das marés que contribui para a o aumento no nível dos canais. Também existe a questão do lixo que entope os canais, isso já é uma questão cultural”, afirmou.
Para Ricardo o problema ocorrido no Conjunto Costa do Sol é bem específico e é diferente de outras localidades da capital. “O Costa do Sol é a questão de altimetria, já que ele está abaixo do nível da Avenida Melício Machado. Até onde eu sei, o canal foi bloqueado pela construção de um condomínio próximo”, disse. Ricardo Aragão diz que é necessário projeto de drenagemurbana (foto: Portal Infonet)
O professor continuou: “Naquele caso, seria necessário um projeto de drenagem urbana, se considerarmos que naquela área o volume de água gerado é muito grande. Se ali não tiver o sistema de drenagem, a água ficará empossada em algum lugar. O carro pipa é uma alternativa, mas não uma solução”, informou.
De acordo com o professor da UFS, a região da Zona de Expansão é formada por lagoas naturais e elas são aterradas, a água que iria para as lagoas vai procurar algum lugar como os condomínios que existem lá.
“A questão da construção dos canais é que eles demandam de alto investimento, mas o correto seria um projeto de drenagem urbana para a zona de expansão como um todo. Na zona de expansão a água só tem dois destinos, o canal Santa Maria e o Rio Vaza Barris”, comentou. Limpeza por sistema de barragem, retém água enquanto agentes retiram lixo e dejetos
Projetos e soluções
Segundo o presidente da Empresa Municipal de Obras e Urbanismo (Emurb), Paulo Roberto Melo Costa, o município de Aracaju fez um projeto de estudo das bacias para indicar onde deve ter canal. “A partir disso, vamos começar a fazer outro estudo para construção dos canais na zona de expansão da cidade. Só de projeto o custo é por volta de R$ 3 milhões. A zona de expansão representa 40% da área de Aracaju”, informou.
De acordo com o presidente da Emurb os canais só podem desembocar em rio ou em maré de Apicum. “Em Aracaju, 90% dos canais construídos sofrem influência da maré, não é um caso só de Aracaju do Brasil todo. Na hora que a maré enche e o nível pluviométrico é grande ele alaga mesmo, não tem opção viável para evitar que isso aconteça”, falou. Paulo Costa disse que a prefeitura está realizando estudo para a construção de canais
Sobre a questão de cobrir os canais para evitar alagamento o presidente da Emurb ressaltou que o tipo de obra gera um custo muito grande com poucos resultados. “Cobrir o canal é uma obra extremamente cara, as paredes dele não foram dimensionadas para passar carro. Além disso, fica extremamente dispendioso, é melhor pegar o dinheiro e fazer outras obras”, ponderou.
Paulo Roberto disse que um dos principais problemas para o alagamento dos canais é o lixo. “Acontece muito de acumular plástico nas bocas de lobo, quem joga lixo está prejudicando a si próprio. Tem gente que joga sofá, cama, colchões”, apontou.
Por Bruno Antunes
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