Carros passam até 5 anos em pátios da PRF
Por ano, cerca de 1800 veículos são apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas estradas de Sergipe. Destes, aproximadamente 300 carros e motos não são resgatados pelos donos. Assim, poderiam ir a leilão em 90 dias, mas chegam a passar até cinco anos apodrecendo em pátios nos seis postos de fiscalização do Estado. O descaso dos proprietários e da Justiça com estes bens gera desperdício, além de atrapalhar a função dos rodoviários que trabalham nestes postos. 
Cerca de 40 carros estão amontoados no posto da PRF na saída de Aracaju. No Brasil, o número corresponde a 5 mil
Superlotação nos pátios
Estima-se que mais de 200 automoveis e motociletas estão nos pátios da PRF em Sergipe hoje. Apesar do principal motivo de apreensões ser o atraso no pagamento do licenciamento, são os veículos envolvidos em acidentes que correspondem ao alto índice de encalhe nos postos rodoviários federais do Estado. “Quando o carro fica muito danificado, nem o dono nem a seguradora, geralmente, tem interesse em resgatá-lo, permanecendo sob nossa responsabilidade”, exemplifica o inspetor Teixeira, da PRF.
O rodoviário explica que a falta de estrutura em instituições como Polícias Civil e Militar, e Tribunal de Contas contribui para a superlotação nos pátios dos postos da entidade. “Veículos que estão em disputa judicial, que são roubados ou utilizados em ações criminosas, muitas vezes acabam ficando conosco, já que as delegacias, por exemplo, não comportam. Por isso, forma-se uma bagunça em volta de uma extensão do Poder Executivo, que é posto da Polícia Rodoviária Federal”, conta Teixeira. 
Inspetor Teixeira fala sobre a problemática
O excesso de automóveis nesses pátios atrapalha o serviço dos policiais, já que os mesmos acabam desempenhando a função de zelador destes veículos, segundo o inspetor. “Os carros tomam muito espaço, dificultando a visibilidade deles [policiais]“, disse. Para desafogar os locais, a instituição precisou adotar uma medida há algum tempo: apreender veículos somente em casos excepcionais.
Os leilões
O leilão é permitido pela Justiça quando o proprietário do veículo não regulariza a situação em três meses. Mas a burocracia e o baixo efetivo humano da Polícia Rodoviária Federal em solo sergipano impossibilitam que tal orientação seja cumprida. “Temos 121 policiais, e para prestar um bom serviço teríamos que ter, no mínimo, o dobro”, disse outro membro do setor de Policiamento Rodoviário, o inspetor Sales. 
Estatística de veículos retidos em Sergipe. Clique para ampliar / (Fonte: PRF)
Em 2007 ocorreu um desses eventos em Sergipe, que levou 200 veículos a leilão, quase todos arrematados. A quantia arrecadada é destinada aos débitos dos carros e motocicletas leiloados. Caso sobre dinheiro após a quitação, o antigo proprietário tem direito a receber parte do valor. “Muito difícil sobrar. Geralmente falta”, comentou Sales.
Esse tipo de venda promovida pela PRF ainda abriga fatos curiosos. Alguns donos resolvem resgatar seus veículos quando têm conhecimento do leilão, mesmo após deixá-lo abandonado por meses. E ainda há aqueles que aproveitam para lucrar. “Muita gente comparece com o objetivo de revenda. Já teve caso de comprarem um carro por R$4 mil, gastar o mesmo valor com reparos e vender por R$12 mil”, revelou o inspetor Teixeira.
Projeto
Uma comissão formada pelos inspetores citados nesta reportagem e outros membros do departamento da PRF em Sergipe estudam um projeto que viabilizará serviço de guincho e depósito terceirizado para os veículos apreendidos. De acordo com os inspetores, procedimento semelhante já ocorre com sucesso no Rio Grande do Sul. 
Inspetor Sales acredita no projeto como solução ao problema enfrentado nos pátios dos postos de fiscalização
O projeto serviria como solução para os problemas enfrentados nos postos da PRF, e há a expectativa de que ele se concretize em 2009. Segundo o inspetor Sales, essa também será uma forma de acelerar a vontade do dono em resgatar seu transporte o mais rápido possível, já que diárias de permanência dos veículos nestes depósitos começarão a ser cobradas.
Por Glauco Vinícius e Raquel Almeida
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