Às vésperas de completar um ano da abordagem policial que vitimou Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, um dos policiais rodoviários federais envolvidos na ocorrência, Paulo Rodolpho Lima Nascimento, se pronunciou pela primeira vez sobre o caso através de uma carta. O documento foi escrito na prisão no dia 2 de maio e divulgado nesta quinta-feira, 4, pela defesa do PRF.
Na carta aberta, o policial narrou o dia da ocorrência, afirmando que todos os meios de contenção empregados estavam dentro dos padrões estabelecidos pela corporação. “Estávamos eu e meus colegas prontos para mais um dia de serviço, quando nos deparamos com uma ocorrência aparentemente simples, mas que evoluiu para o nível de resistência nunca experimentado antes, na qual foi preciso empregar todos os recursos disponíveis para conter e acalmar um ânimo de júria cujos motivos eram desconhecidos”, relembra o momento da ação.
Ainda segundo Rodolpho Nascimento, a conduta empregada buscou resguardar a integridade física de todos os envolvidos na ocorrência. “Nunca foi minha intenção matar nem machucar ninguém. Não sou perverso. Usei os equipamentos que a polícia me confiou justamente para conter a agressividade e preservar a integridade. Mas poucos veem isso, poucos se dão ao trabalho de entender isso. Ninguém ouve a minha voz. Estou preso sem julgamento, nem uma acusação justa, tão pouco direito de defesa preservado. Sou mais uma vítima do sistema, no qual não importam os meios nem as pessoas que serão atingidas, somente os falares de uma máquina voraz que se chama poder”, afirma.
O policial rodoviário diz acreditar que o caso ganhou grande repercussão em virtude de uma série de conjunção de fatores, sobretudo de orientação política. “Essa perigosa aproximação da PRF com o então governo, em troca de uma possível reestruturação, só trouxe decepção. Além de não conseguirmos a justa valorização, foi feita uma vinculação demasiadamente política, que ficou nas promessas vazias, bem como expôs os agentes do Estado como mais um flanco de ataques da outra base política”, avalia.
Prisão
Os Policiais rodoviários federais Paulo Rodolpho Lima Nascimento, William de Barros Noia e Kleber Nascimento Freitas estão presos no Presídio Militar de Sergipe (Presmil) desde o dia 14 de outubro, após a Justiça Federal acatar a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) por abuso de autoridade, tortura e homicídio qualificado. Três habeas corpus já foram impetrados pela defesa dos acusados, mas todos foram negados pela Justiça Federal de Pernambuco.
O crime
Genivaldo de Jesus Santos morreu no dia 25 de maio, no município de Umbaúba, após abordagem de policiais da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Na ocasião, Genivaldo foi parado pelos agentes e após reagir a abordagem, foi colocando no porta-malas da viatura, momento em que os policiais se utilizaram de spray de pimenta e gás lacrimogêneo.
O Instituto Médico Legal (IML) indicou que a morte de Genivaldo foi causada por asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda. A Polícia Federal concluiu o inquérito e indiciou os policiais envolvidos na abordagem – William de Barros Noia, Kleber Nascimento Freitas e Paulo Rodolpho Lima Nascimento – por abuso de autoridade e homicídio qualificado.
por João Paulo Schneider
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