Casos de estupro lançam alerta sobre aumento de violência contra a mulher

Em Laranjeiras mulher foi estuprada por dois homens (Foto: Arquivo Portal Infonet)
Três casos de estupro que foram noticiados nesta semana demonstram que a violência contra a mulher continua crescente em Sergipe. Uma das vítimas, que estava em um ponto de ônibus no conjunto Costa e Silva, localizado na capital sergipana, foi abordada por três homens que a golpearam com uma paulada. A mulher acordou em uma casa acompanhada por homens que usavam crack, foi estuprada, espancada e horas depois liberada em um bairro da zona norte, sem roupa.

 

Outro caso que ocorreu também na capital sergipana já está sendo investigado pela Delegacia de Grupos Vulneráveis (DAGV). Trata-se de uma jovem que após anos de tortura, deixou a residência, pediu a separação e foi morar com uma amiga. Sem aceitar o recomeço da mulher, o ex-marido invadiu a casa onde a mulher está morando e a abusou sexualmente. Com medo que a violência se repita, a vítima foi procurar ajuda na

“É importante procurar a delegacia”, diz a delegada Suirá Luiri
delegacia.

 

No interior do Estado, uma dona de casa que não deseja ser identificada quebrou o silêncio e denunciou, após mais de dois meses, que foi vítima de uma cruel tortura por parte de um homem que na época era o seu marido. Aos 26 anos, a mulher relata que a violência ocorreu em dezembro do ano passado e que o ex-marido acompanhando de dois amigos estavam fazendo uso de bebida alcoólica durante o dia.

 

“Ele falou que queria realizar uma fantasia sexual, me amarrou e tapou meus olhos. Achei que ele ia me matar”, diz a mulher, relatando que após ser estuprada pelo ex foi oferecida para o amigo. “O outro estava muito bêbado e não aconteceu nada”, lembra a dona de casa, fazendo referência ao terceiro homem que estava no momento.

 

O medo de denunciar o caso fez com que a mulher só procurasse a delegacia de polícia na última segunda-feira, 28. O relato impressionou a delegada Rosana de Souza Freitas, que lamentou à mulher a perda de provas importantes para denunciar o crime. “Esse fato ocorreu no dia 16 de dezembro e o BO só foi prestado mais de dois meses e meios após o suposto estupro, então a prova pericial ficará prejudicada. Apesar do prejuízo estamos tentando por meio de outras provas investigar este caso”, afirma a delegada. Novas testemunhas importantes nesse caso devem ser ouvidas ainda nesta semana.

 

Rosana Souza explica que até o momento só tem o depoimento da vítima, e que precisa reunir provas para pedir uma possível prisão dos acusados. Quanto à assistência a mulher, a delegada esclarece que ao procurar a delegacia a vítima já estava fora de casa e que, por isso, não foi preciso pedir o afastamento do ex da residência do casal. A delegada ressalta que a denúncia de ameaça será investigada.

 

Denúncia

 

A delegada do DAGV da capital sergipana, Suirá Luiri da Silva Paim, afirma que é importante a mulher registrar o boletim de ocorrência. “Quando a vítima procura a delegacia, ela é encaminhada para a realização de exames e todo o procedimento de investigação é instaurado. Nós temos muitos casos de violência contra a mulher, mas acredito que hoje as mulheres estão mais conscientes e denunciam. É importante dizer que ainda que a vítima venha a se arrepender depois, ela tem que denunciar”, reforça.

 

Apoio

 

A presidente da União Brasileira de Mulheres (UBM), Ivânia Pereira, lamentou os registros de violência contra a mulher residente em Laranjeiras. “Para se ter uma idéia, de janeiro a fevereiro de 2011 foram registradas nas delegacias de Sergipe 300 casos de violência contra a mulher, sem contar com os casos em que as mulheres não denunciam porque não se sentem amparadas pelas políticas sociais. É lamentável”, diz.

 

Ivânia cobra um posicionamento da Secretaria da Segurança Pública (SSP). “Porque os equipamentos públicos não conversam entre si, e o atendimento a quem precisa não se concretiza. Essa mulher tinha que ser encaminhada de imediato para um Centro de Atendimento e não esperar esse agressor concretizar essa ameaça”, salienta a presidente da UBM, que designará duas voluntárias para acompanhar o caso da dona de casa.

 

Por Kátia Susanna

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