Chuva deixa mais de 100 desalojados em Carmópolis

Casa exibe até onde o nível da água chegou
A chuva traçou um verdadeiro cenário de calamidade no Município de Carmópolis, localizado a 47 Km da capital, na madrugada desta sexta-feira, 9. Moradores relatam que foi a pior enchente dos últimos 40 anos. Na região central da cidade as ruas estão tomadas por lama e os moradores empilhavam nas calçadas os objetos perdidos pela água da chuva. A força da água destruiu calçadas, canteiros, derrubou paredes, muros e chegou a arrastar veículos. Não ocorreu nenhuma morte e não há ninguém ferido.

Na frente da casa de Maria da Conceição Correia estavam acumulados todos os bens perdidos com a chuva.

Maria da Conceição diz que água invadiu a sua casa por todos os lados
A aposentada vive na cidade há mais de 30 anos, e revela que nenhuma das enchentes por que a cidade passou nos último anos superou a última. “Entrou água por todos os lados. Escorei a porta com uma barra de ferro, mas a força da água foi tão grande que a derrubou e saiu levando tudo”, lembra.

Na casa dela o nível da água chegou a atingir perto de um metro. Móveis e eletrodomésticos se acumulavam na calçada. “A água levou roupas e coisas pequenas. O desespero foi grande porque eu passei por uma cirurgia no pé e não posso me locomover com facilidade. Tivemos que subir para o andar de cima em uma escada improvisada, até que a água escoasse”, acrescenta. Na casa da vizinha, segundo Maria da Conceição, a água chegou a arrastar uma pick up pela rua por quase 20 metros.

Parte de oficina desabou após água derrubar paredes
Na oficina mecânica de José Antônio de Santana, que mora em Carmópolis há 48 anos, os estragos foram maiores. A água derrubou as paredes e o telhado caiu por cima de quatro veículos que estavam estacionados no galpão. Os destroços atingiram casas vizinhas e ainda no final desta tarde estavam sendo retirados. “É a segunda vez que chove forte, mas nunca vi nada desse jeito. Começou a chover a meia-noite e em menos de uma hora a água tomou conta de tudo. Foi tudo muito rápido”, revela o mecânico.

O funcionário público Leonildo dos Santos confirma o que diz Antônio e afirma que a cidade esteve praticamente parada por todo o dia. “Todos os moradores começaram a limpar as casas ainda de madrugada. Ninguém dormiu hoje, e nenhuma loja do centro funcionou de verdade”, narra.

Valdice conta que quase se afogou na água, que destruiu seus móveis
Valdice Domingos dos Santos conta que por pouco não foi levada pela água que encheu sua casa, onde reside há mais de vinte anos. “Quando ela veio saiu arrastando tudo. Se o meu vizinho não tivesse jogado uma corda para eu segurar, com certeza estaria morta, porque a água estava pelo meu pescoço”, diz. Na casa dela, a água chegou a atingir quase 1,50 m das paredes. Os móveis, incluindo os equipamentos do bar que possui anexo à residência, foram todos perdidos. “Estou sem saber o que fazer”, desabafa a mulher.

“Tudo o que eu tenho em casa foi levado em um instante. Nunca vi tamanha estupidez. A chuva acabou com tudo”, resume o aposentado Lídio Santos. A força da água ao invadir a residência dele foi tão intensa que ao arrancar a porta de entrada, arrastou o carro da família para a rua por mais de dez metros. “É muito estrago. Clínicas, bancos, supermercados, nada escapou”, afirma.

Força da água arrancou porta da casa e arrastou carro para a rua

Estado de emergência

A prefeita de Carmópolis, Esmeralda Cruz, está com uma comitiva percorrendo a cidade desde as primeiras horas do dia. Mais de 100 pessoas estão desalojadas e foram levadas para ginásios e colégios, onde passarão a noite. “As perdas foram de bens materiais. Algumas casas foram isoladas por risco de desabamento. Ainda não temos números fechados, mas a todo o momento as pessoas nos procuram para pedir ajuda”, diz a prefeita.

Esmeralda diz que já decretou estado de emergência na cidade. A compra de colchões e alimentos para as famílias assistidas emergencialmente também foi providenciada. “Desde a madrugada estamos mobilizando as principais secretarias para ajudar a resolver a situação. Todos já estão em estado de alerta e ficarão em plantão”, avisa.

Esmeralda Cruz disse que prioridade é garantir alimentação e abrigo
A prefeita revela que pedirá ajuda aos governos Estadual e Federal para a reconstrução das casas e para repor os bens que os moradores perderam.

“Encontramos aqui um problema grave de saneamento básico e vamos resolver isso também, mas a prioridade, agora, é acolher esses moradores, alugar casas, ceder alimentação”, explica Esmeralda Cruz. Caminhões, tratores e máquinas ainda limpavam a cidade no final desta tarde.

O chefe da Defesa Civil do Município, Coronel Sérgio, disse que ainda não há um número preciso, mas pelo menos 50 casas foram seriamente comprometidas com as chuvas. “Além dos abrigos, pedimos às famílias que fiquem na casa de parentes que morem próximo daqui”, diz. Ele acrescenta, ainda, que a Prefeitura pode decretar, também, estado de calamidade pública.

Por Diógenes de Souza e Carla Sousa

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