Comoção em velório de taxista assassinado

Dona Azenilde, ao lado do filho: tristeza e revolta (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

Comoção e solidariedade no velório do taxista José Jesus de Santana, 50, assassinado a tiros durante assalto ocorrido no início da noite da quinta-feira, 3, na rodovia federal no município de Nossa Senhora do Socorro. Colegas de profissão visitaram a família, demonstraram temor com a violência na localidade e solicitaram medidas de segurança para coibir a onda de assaltos na região.

A dona de casa Azenilde Francisca Santana, viúva do taxista, lembra que chegou a ver o marido passar pela rua, cerca de dez minutos antes do crime, quando ela se dirigia à panificação. “Eu ia comprar pão e ele passou por mim, era mais ou menos seis horas. Ele estava sozinho e não me viu”, contou a viúva. “Logo depois, um amigo chegou aqui dizendo para eu ir ali que tinham feito alguma coisa com o meu marido. Eu não acreditei, e disse ‘eu acabei de ver ele passar aqui’. Mas, quando cheguei lá, ele já estava caído, morto”, complementou, sob lágrimas.

Felipe: assaltos constantes sem Boletim de Ocorrência

Para a viúva, tudo aconteceu num intervalo de tempo de cerca de dez minutos. Depois de passar pela esposa na Estrada Velha, no Conjunto Jardim I, o taxista teria parado para atender à solicitação de dois jovens. “Provavelmente tenha sido eles”, observou a viúva, referindo-se a suspeitos pelo crime. Na ótica de dona Azenilde Santana, o taxista foi vítima de assalto. “Não tem como não ser. Meu marido não tinha inimigos, dormia bem, tranquilo, sem problemas. Nunca falou que recebia ameaças”, disse.

Os assassinos nada levaram. A carteira do taxista, contendo documentos e dinheiro, foi encontrada no porta-luvas do veículo, e outra quantia em dinheiro também foi encontrada nos bolsos da vítima. “O som estava ligado baixinho, não levaram nada”, observou a viúva, que chegou ao local do crime antes mesmo da polícia.

Solidariedade

Amigos, vizinhos e colegas de trabalho do taxista compareceram ao velório e demonstraram o quanto Santana era querido. “Hoje não vai ter jogo do Brasil para muita gente aqui”, declarou a cozinheira Tânia Bonfim, vizinha e amiga da família. “Nunca ouvi dizer que Santana tivesse maltratado alguém. Nunca maltratou nenhum passageiro, ninguém. Era uma pessoa muito querida, todo mundo tinha respeito e gostava dele”, complementou.

Local onde taxista foi assassinado

Motoristas de taxi não escondem a revolta com a violência. “Assaltos aqui acontecem direto, mas a gente nem mais presta queixa porque não adianta nada, é perda de tempo”, desabafou o taxista José Amâncio Felipe. “Pra gente prestar queixa demora de duas a três horas e a gente ainda é maltratada na delegacia de polícia”, conta. “Só vamos pra delegacia quando acontece uma tragédia dessa”, complementou, numa referência à passeata ocorrida na porta da Delegacia Plantonista na noite da quinta-feira, 3.

Além da viúva, o taxista deixa dois filhos jovens, com 20 e 22 anos, e um neto com apenas dois anos.

Por Cássia Santana

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