Condutores clandestinos interditam pista no Santa Maria

Bombeiros se mobilizam para desobstruir pista (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

Condutores de veículos que exploram clandestinamente linhas de lotação no bairro Santa Maria, em Aracaju, interditaram a rua Odílio Laureano Costa, uma das principais vias de acesso ao bairro. Os manifestantes queimaram pneus e o tráfego ficou interrompido por um longo período no início da manhã desta quinta-feira, 6. Uma maneira que aqueles condutores encontraram para pressionar a Prefeitura de Aracaju a legalizar o transporte alternativo no bairro.

A pista foi liberada horas depois, após a intervenção da equipe do Corpo de Bombeiros que utilizou água para apagar o fogo e equipamentos específicos para desobstruir a pista. Enquanto durou a manifestação, os transportes coletivos legalizados ficaram impossibilitados de entrar no bairro e o último trecho da avenida Gasoduto, no Orlando Dantas, foi transformado em ponto de ônibus, contribuindo para atrapalhar ainda mais o trânsito.

Edênia: obrigada a correr para o Orlando Dantas,  reclama dos transtornos

A comunidade reconhece a necessidade de medidas para melhorar a oferta de transportes coletivos naquela área, mas a manifestação dos clandestinos dividiu opinião dos moradores do bairro. “Minha família depende deste tipo de transporte e eles são cidadãos, pais de família que precisam trabalhar”, considerou o treinador Valdemir Pereira da Silva, o Mica, o ex-jogador de futebol campeão em 1989 pelo Sergipe.

“O transporte aqui é muito precário e este serviço precisa ser legalizado, mas já estou muito atrasada por causa desta manifestação”, reagiu a senhora Vandete Maria dos Santos, declarando apoio à legalização dos clandestinos. Mas outras pessoas reclamaram devido aos transtornos que a mobilização causou aos moradores. “Sou totalmente contra a esta manifestação porque tenho que correr, estou perdendo meu horário de trabalho, isso só atrapalha a população”, revelou a vendedora Maria Edênia dos Santos, enquanto corria em direção ao Orlando Dantas para pegar o ônibus da linha Santa Maria.

Perseguição

Mica: apoio ao movimento

O presidente da Cooperativa de Transporte Alternativo de Passageiros do Bairro Santa Maria (Cooptasmar), Gilberto Oliveira, reconhece os transtornos, pediu desculpas à comunidade, mas alertou que aquele seria o único meio para chamar a atenção da Prefeitura de Aracaju na busca de solução para o problema.

Ele revela que a cooperativa possui 85 carros cadastrados que se dividem fazendo lotação e ofertando serviços a clientes do supermercado, que não encontram outra alternativa senão apelar para os clandestinos para transportar as mercadores que compram. “Nenhum taxi quer fazer ponto no supermercado porque aqui é um bairro com muita lama e o clandestino é que atende a esta comunidade”, diz, informando que a linha alternativa, embora clandestina, já existe há 18 anos.

O presidente da cooperativa denuncia perseguição dos agentes da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) de Aracaju. “O prefeito que está aí é o pior de todos porque está perseguindo, apreendendo veículo e até disparo de arma de fogo contra condutores já ocorreu na semana passada”, denuncia Oliveira. “Agente de trânsito não pode andar armado, muito menos sair disparando arma de fogo”, alerta.

Sem alternativa

Gilberto: desculpas pelos transtornos

A secretária municipal da Defesa Social [órgão que controla a SMTT], Georlize Teles, nega a perseguição e explica que a prefeitura não tem outra alternativa senão cumprir a legislação e combater o transporte clandestino. “A SMTT não tem fórmula para esta questão e não pode reconhecer esta entidade como cooperativa de taxi”, diz. “A lei estabelece um taxi para cada 600 habitantes e, com 2.080 taxis, Aracaju já está superando este limite”, considera.

A SMTT, segundo Georlize Teles, contabiliza algo em torno de 400 clandestinos em Aracaju, que atua de forma organizada. “Mas há aqueles que atuam desorganizados. É impossível contabilizar todos porque um pai vê o filho desempregado aí compra um carro e dá para o filho para fazer o transporte de passageiros. Não há como legalizar isso”, considerou.

Para a secretária municipal, a alternativa teria que ser encontrada no Poder Legislativo a partir de iniciativas que possam modificar a legislação. “Há lei que disciplina esta questão e a SMTT não cria nem modifica leis. A missão da SMTT é cumprir a lei e isto ela não vai abrir mão”.

Por Cássia Santana

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