A Cooperativa de Transporte Alternativo do bairro Santa Maria (Cooptasmar) continua trabalhando clandestinamente na capital aracajuana. Com uma frota de aproximadamente 100 carros e atuando no mercado há 12 anos, a cooperativa faz o serviço de ‘táxi-lotação’, transportando a população do bairro até o centro da cidade. A Supertitendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) não tem a intenção de legalizar a Cooperativa e afirma que o bairro é bem abastecido de transportes públicos. 
O membro da Cooptasmar, Cléber dos Santos, e a passageira Janeclei
Os membros da cooperativa já entraram com uma ação no Ministério Público Estadual para tentar a legalização do serviço, e estão com assessoria jurídica. “Mas as portas do poder executivo estão fechadas para nós”, afirma Cléber da Silva, membro da Cooptasmar. Segundo ele o bairro enfrenta sérios problemas com o transporte público oferecido e a população vê na cooperativa a solução para a vida cotidiana.
“Como o bairro é taxado de perigoso, os táxis normais não querem entrar lá após as 20h. Nós é que cumprimos esse papel. E os ônibus estão sempre quebrando e não adentram no bairro como nós fazemos”, disse Cléber. Ele alega que muitas pessoas se utilizam do transporte para ir ao trabalho no centro da cidade, e que com isso conseguem cumprir horários.
É o que também fala a diarista e moradora do Santa Maria, Janeclei Vieira da Silva. “O serviço é ótimo, e a população já confia na cooperativa. Os ônibus quebram muito lá, e isso atrapalha a nossa vinda para o trabalho. Hoje eu precisei fazer o exame da minha filha e só cheguei no horário porque peguei um lotação”, diz.
Um dos problemas apontados à prática da Cooperativa é a ação de fazer a lotação fora do bairro. “Nós somos contrários a isso. E normalmente quem faz são pessoas de fora do Santa Maria. Mas pra conseguir manter uma fiscalização nós temos que ser regularizados. Poderia ser estabelecido um corredor de atuação para o nosso trabalho. Tenho certeza de que no dia que o poder público nos recrutar para fazer uma linha isso não acontecerá mais”, explica Cléber da Silva.
No outro lado do mercado de trabalho a opinião é dividida. Alguns taxistas regulamentados pela SMTT afirmam serem favoráveis à cooperativa, outros se mostram descontentes com a situação. “Essa situação não é benéfica. Porque não estando regulamentados eles invadem outras áreas. Eu não tenho nada contra a regulamentação”, diz o taxista Rubens Giovani.
Já João Alves de Oliveira, também taxista, fala que eles não existem legalmente e por isso não podem rodar. “São clandestinos e tem que ser extintos. Eles invadem o nosso sistema e tomam muitos passageiros da gente. A SMTT não toma as devidas providências” contesta o taxista. .JPG)
Os taxistas se dividem na opinião sobre a regulamentação da Cooptasmar
O membro da Cooptasmar discorda desse posicionamento, e diz que nunca a cooperativa foi tão perseguida quanto agora. “Já houveram ações da SMTT em que os agentes fecharam os carros e pediram para o motorista descer com arma em punho. Ele deveria se dirigir ao motorista de forma organizada e digna”, reclama Cléber.
O assessor de comunicação da SMTT, Jairo Alves, diz que a fiscalização em cima dos clandestinos continuará enquanto o órgão espera uma decisão do Ministério Público Estadual quanto à regulamentação. “Mas o bairro está bem servido de transporte. São 20 ônibus fazendo a linha Santa Maria-Bairro Industrial. Além dos táxis regulares que abastecem a região”, relata Jairo.
Ainda nesse mês deve acontecer a audiência no Ministério Público com a presença dos representantes da SMTT, da Cooptasmar e do Sindicato dos Taxistas. “Eu espero que haja uma solução para o nosso caso. Por enquanto nós estamos a mercê de um capricho do prefeito Edvaldo Nogueira. Ele disse que não quer o nosso funcionamento, sem ver necessidade ou viabilidade”, conclui o presidente da cooperativa, Carlos Alberto dos Santos.
