Corpo de Laysa Fortuna é sepultado sob protestos contra transfobia

Frase ‘Laysa, presente’ foi repetida por diversas vezes em coro (Foto: Portal Infonet)

O corpo da transexual Laysa Fortuna foi sepultado na presença de amigos e familiares na tarde deste sábado, 20, no Cemitério São João Batista, em Aracaju. Ela morreu na última sexta-feira no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), onde se recuperava da facada que levou de Alex da Silva Cardoso no dia anterior. Alex já está preso e será indiciado por homicídio. Nesta tarde, os amigos da vítima ecoaram gritos contra a transfobia e LGBTfobia no cemitério – assim como a frase ‘Laysa, presente!’.

Geovana: ela queria ver as pessoas felizes e livres

Geovana, transexual e amiga de Laysa, diz que guardará boas lembranças dos anos de convivência com a amiga. “Laysa era alegria. Era uma mulher guerreira e transmitia isso. Queria que as pessoas fossem livres, felizes e respeitadas”, pausou. Ela sempre enfrentou os casos de violência que via nas ruas. Ela sempre foi muito ativa. Ela lutava por todo mundo”, conta o amigo e homem trans, Daniel Lima. “A mensagem que fica é que nós estamos aqui. Vamos continuar aqui, resistindo por Laysa e tantas outras”, concluiu Geovana.

O assassinato de Laysa endossa uma grave estatística no Brasil, segundo apontam os dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). No levantamento da entidade, já são 131 mortes entre travestis, mulheres transexuais e homens trans no País somente em 2018. “Apenas 20% dos culpados foram presos. Lutamos diariamente para que essas pessoas não virem estatísticas. A Justiça vai muito além da prisão dos culpados”, afirmou transexual Geovana.

Marcelo: precisamos de políticas sérias de combate a LGBTfobia

É preciso que a sociedade faça uma grande reflexão. Acima de qualquer coisa, é um atentado a vida de um ser humano. Mas as pessoas precisam compreender que a LGBTfobia existe. Todo ódio, todo preconceito, estão mais próximos do que imaginamos. São precisas políticas eficazes no combate a transfobia, ao preconceito, e da própria aceitação. 90% das pessoas trans estão na prostituição porque não têm alternativas”, alertou Marcelo Lima, representante da Adhones/LGBTI e assessor da diretoria de Direitos Humanos da Semfas.

Após todos os protestos e uma oração, o corpo de Laysa Fortuna foi enterrado sob aplausos e muita emoção dos presentes.

Por Ícaro Novaes

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