
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (CREA-SE) emitiu uma Nota Técnica recomendando a proibição da recarga de veículos elétricos e híbridos em garagens internas, cobertas ou subterrâneas de edificações residenciais e comerciais no estado. A medida visa prevenir riscos estruturais e incêndios provocados por baterias de lítio, comuns nesses veículos.
O documento é uma resposta à audiência extrajudicial promovida em 28 de maio pelo Ministério Público de Sergipe (MP/SE). A audiência integra o Procedimento Preparatório de Inquérito Civil (nº 2024.02.152.00000165), instaurado pelo MP/SE, para avaliar os riscos relacionados à recarga de veículos elétricos em áreas internas, cobertas ou subterrâneas, como garagens de condomínios residenciais verticais e estabelecimentos com acesso ao público.
Segundo a Nota Técnica elaborada pelo CREA-SE, a maioria das edificações residenciais e comerciais existentes não foi projetada para suportar as altas temperaturas e a intensidade dos incêndios envolvendo baterias de lítio, que podem ultrapassar os 1.000°C. Nessas condições extremas, há risco de colapsos estruturais parciais ou totais, comprometendo gravemente a segurança da construção.
O documento destaca ainda que os incêndios causados por baterias de íons de lítio apresentam características distintas dos incêndios convencionais, com grande dificuldade de extinção, possibilidade de reignição espontânea e a liberação de fumaça altamente tóxica. Esses fatores tornam a situação ainda mais crítica, sobretudo porque, segundo a norma ABNT NBR 15200, a resistência do concreto à compressão pode ser reduzida em até 55% a partir de 600°C, comprometendo severamente a integridade da estrutura.
Diante disso, o CREA-SE orienta que a recarga ocorra apenas em estações externas e abertas, com distanciamento mínimo de 3 metros entre veículos. Quando isso não for possível, os pontos de recarga devem ser fisicamente isolados para evitar a propagação do fogo em caso de sinistro.
A medida, segundo o conselho, é preventiva e temporária, até que as normas técnicas e as edificações passem por adaptações que garantam a segurança de todos os usuários, moradores e trabalhadores. O CREA-SE também alerta para a ausência de sistemas específicos de combate a incêndios em baterias de lítio, tanto em condomínios quanto em estabelecimentos comerciais.
por João Paulo Schneider