Déda e a reforma

O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT), anunciou, ontem, a reforma que realizou na sua administração. Provocou, realmente, surpresa por alguns nomes de peso que trouxe, inclusive de segmentos do Governo anterior, como foi o caso do ex-presidente do Banese, João Andrade, um dos responsáveis pelas transformações de um banco que estava em dificuldades e hoje vive no mercado, em condições de competir com importantes agências de redes nacionais. Outra surpresa: a indicação de um vereador da cidade de Umbaúba, professor Anderson, para a Secretaria de Orçamento Participativo. Essa talvez seja a primeira vez que um vereador do interior chegue a ocupar um cargo executivo na capital. Marcelo Déda, também, provocou descontentamentos. O pessoal do Partido Liberal, aliado do PT até na chapa presidencial, ficou de fora, enquanto o PSB ganhou dois postos de importância no perfil do Município. Um fato importante: o secretário da Administração, José Oliveira Júnior, um técnico, foi remanejado para a Secretaria de Governo. Nada demais. Mas esta é uma pasta que faz a política do prefeito junto aos vereadores, além de ter habilidade para controlar crises que podem surgir em setores partidários, como esse que atingiu o PL. O cargo já foi exercido pelo vice-prefeito Edvaldo Nogueira (PCDB), que é um político experiente e hábil. As pretensões de Marcelo Déda, em colocar um técnico numa função política, podem também ser uma nova arquitetura que esteja preparando, para o perfil que pretende traçar para sua administração a partir de agora. Nesse caso, pode se imaginar uma inversão: Júnior ficará mais atento à parte administrativa, colocando a máquina em funcionamento, enquanto Marcelo Déda retorna ao jeans e tênis, para ir à rua reconquistar a população e preparar sua permanência à frente da Prefeitura de Aracaju, por mais quatro anos. Setores mais experientes da ouvidoria política que hoje cerca o Partido dos Trabalhadores em Sergipe, sustentam a convicção que o ex-governador João Alves Filho (PFL) não chegaria à reeleição numa disputa com o prefeito Marcelo Déda, desde que ele chegasse aos níveis de popularidade que tinha quando se discutia as eleições do ano passado. O fracasso da candidatura de José Eduardo Dutra, principalmente no segundo turno, fez com que segmentos sérios do PT jogassem a culpa no prefeito Marcelo Déda, colocando-lhe a pecha de vaidoso e até sugerindo que ele descesse dos sapatos altos. Também se criticou que Déda estava muito preocupado com alguns setores mais conservadores, além de visitar com mais freqüência segmentos vinculados ao Poder do Estado. O pessoal achava que o prefeito deveria olhar mais para as bases e se preocupar menos com o seu visual, deixando de ser um político de gabinete e indo aonde estavam os rejeitados pela sociedade. Ninguém pode negar que o caso do IPTU foi um chute nos pulmões da campanha de José Eduardo Dutra no segundo turno. Os novos nomes escolhidos por Marcelo Déda têm um bom currículo. Bosco Mendonça, por exemplo, é um estudioso dos problemas do transporte urbano. Foi ele quem implantou o Sistema Integrado dos Transportes em Aracaju e conhece profundamente o assunto. Além disso, tem João Andrade na Administração, que dá um tom de capacidade e organização àquela área. O que Déda não manifestou é como será o novo estilo político a ser adotado pela Prefeitura, para que unifique o partido e tenha, pelo menos, os vereadores da sigla ao seu lado. A reforma anunciada ontem não tem força política e não se pode esquecer que a partir de agora o prefeito está em campanha para a reeleição, com uma equipe mais fechada que a anterior, embora não se possa discutir sua competência. Dentro dessa visão eleitoral, Marcelo Déda deve ter certeza que a próxima disputa pela Prefeitura não será tão fácil, porque o PFL vai preparar um nome a altura para enfrenta-lo. Até mesmo uma redução na diferença da vitória, um segundo turno por exemplo, poderá derrubar a força do prefeito para 2006, que é o grande embate para o qual ele se prepara. Déda montou um secretariado técnico e deve ir para a luta junto ao eleitorado. Se isso não acontecer, terá uma reeleição complicada… Por Diógenes Brayner

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