O professor Borges também teve que lidar com o ressentimento de alguns desafetos do radialista falecido. “Teve gente que eu fui procurar e, ao saber do que se tratava, nem quiseram me receber”, diz. Os motivos das negativas talvez residam no perfil complexo de Silva Lima. “Ele foi um homem de direita, que apoiou o regime militar. Era bastante conservador em certos aspectos, mas, paralelamente, era inovador em muitos outros. Foi um dos primeiros a introduzir o jazz e o blues no rádio sergipano, era professor e intérprete de inglês, e também fez coisas inusitadas, como transmitir casamentos, batizados e lutas de boxe pelo rádio”. No período em que fez mais sucesso, Silva Lima chegou a registrar 91 % de audiência com o seu programa ‘Cada crime tem sua história’.Uma das entrevistas mais famosas que ele fez neste programa foi com um assassino conhecido como Laconga, que cometeu, na época, um crime que chocou a sociedade sergipana. “Laconga era um sapateiro que morava na Baixa Fria e matou, por causa de uma bola, um menino chamado Carlos Werneck. Com a ajuda da mulher, o assassino enterrou o menino em um areal que existia no bairro e, algum tempo depois, carroceiros que pegavam areia na região encontraram o corpo. Esta história abalou a cidade e todos só falavam sobre isso. Foi quando Silva Lima conseguiu uma entrevista exclusiva com Laconga que estava preso”, explica. O comunicador também realizou outras entrevistas memoráveis com figuras como Pelé, Ângela Maria e Altermar Dutra. Como acontece até hoje, o radialista também aproveitou o sucesso que fazia no rádio para se lançar na política. “Ele foi eleito, por duas vezes, vereador de Aracaju, em 1962 e 1969. Na segunda vez que se candidatou, foi o vereador mais votado da cidade, com 2.502 votos”, informa Borges. Biografia
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