Deso opera com máquinas sucateadas e água de má qualidade
O abastecimento de água em Sergipe é um ponto que tem se mostrado bastante problemático para a população sergipana. Prova disso são as constantes e volumosas reclamações de consumidores, feitas tanto na Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) quanto na própria imprensa. Para conhecer a atual situação da empresa, jornalistas acompanharam na manhã desta sexta-feira uma visita de técnicos e engenheiros a algumas unidades do órgão. 
Bomba totalmente sucateada
O primeiro local verificado foi a Estação de Tratamento e Bombeamento de Esgotos que fica no bairro Industrial. De acordo com o engenheiro responsável pela manutenção e operação de esgotos da Deso, George Machado, a estação opera hoje com condições insatisfatórias. “São três bombas, sendo que duas estão sem funcionar
há cerca de um ano. Se a terceira quebrar não temos como bombear o esgoto”, afirma. 
Estação compacta de fibra de vidro
Ele diz que a estação do bairro Industrial recebe todo o esgoto que vem de Aracaju e passa para uma estação no Marcos Freire, mas a situação está “bastante precária”, com tubulações danificadas e com um acúmulo de sedimentos que pode entupir a rede a qualquer momento. “O esgoto é extremamente agressivo. É muito fácil de provocar corrosão nos tubos. Nós estamos trabalhando com equipamentos quebrados e sem condições”, declara.
O presidente do Conselho Regional de Química, Petrônio Barros, também acompanhou a visita e informou que a manutenção dessas tubulações e de todo o equipamento, como toda manutenção, é preventiva. “Esse é o tipo de material que a gente sabe
que vai ser corroído por causa da agressão do esgoto. Já deveria ter havido com periodicidade a inspeção e todo um trabalho preventivo para que não tivesse chegado ao estado atual”, informa o químico. 
Os ‘reparos’ que teriam que ser feitos no equipamento e nas tubulações, de acordo com o diretor de Operações da Deso, Sílvio Farias, durariam no mínimo 60 dias. “Hoje nós temos, só nessa estação de esgoto, dois barriletes (tubulação que conduz o esgoto até a estação) rompidos. Estão rompidos dentro da parede. Para começar teríamos que isolar as bombas e fazer um serviço de recuperação. O ideal seria que tivéssemos as três bombas em funcionamento, sendo uma reserva. Hoje temos uma funcionando precariamente e nenhuma reserva”, lamenta.
Água 
Os problemas da estação de tratamento de esgoto não estão isolados. Junto com eles vem o da água. Uma breve visita à Estação de Tratamento de Água que fica no Povoado Sobrado constata as condições da qualidade do líquido que está sendo consumido pelo Estado.
“Não há investimento no tratamento da água. A população cresceu a as estações pararam no tempo”, resume o químico responsável pela estação visitada, Carlos Franco. De acordo com ele, a água tem se mostrado escura por causa das chuvas e não tem chegado às torneiras porque as estações não estão tendo condições de tratá-la de forma satisfatória e fornecê-la em grande quantidade.
“Estamos trabalhando no nosso limite. Operando muito além da capacidade. A vazão da água para esta estação, por exemplo, está muito grande”, reforça Carlos Franco. Segundo ele, a média de consumo de água por pessoa chega a 150l/dia e hoje as estações de tratamento da Deso não estão preparadas para atender a esta demanda. “O último investimento significativo nessa estação foi em 1982. Hoje o que mais temos aqui é equipamento danificado, instalação elétrica precária e falta de condições de trabalho”, afirma. 
Estação de tratamento no Povoado Sobrado
Esperança
De acordo com o assessor de comunicação da Deso, Helber Andrade, um projeto já foi encaminhado ao Governo Federal para a manutenção e ampliação do Sistema do São Francisco. O documento é da ordem de R$ 130 milhões e já foi destinado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A liberação e aplicação dos recursos já ‘desafogaria’ boa parte dos problemas enfrentados pela Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) no que diz respeito ao abastecimento de água e tratamento de esgoto.
Por Andreza Azevedo
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