
Com o Dia das Crianças se aproximando, autoridades e organizações de proteção à infância soam alerta para o crescimento de golpes e crimes digitais que têm crianças e adolescentes como alvo — do aliciamento (grooming) à produção e disseminação de conteúdo sexual envolvendo menores, incluindo imagens geradas ou manipuladas por inteligência artificial.
Para termos uma noção do tamanho deste problema em território brasileiro, só entre 1º de janeiro e 31 de julho de 2025, o Canal Nacional de Denúncias da SaferNet (organização sem fins lucrativos que advoga os direitos humanos na internet) recebeu 76.997 notificações de crimes digitais, das quais 49.336 (64%) envolveram conteúdo de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes.

Por que o tema é urgente?
A Nota Técnica 02/2025 da SaferNet documenta aumento expressivo de denúncias relativas a abuso e exploração sexual infantil no ambiente digital e aponta também crescimento no uso de ferramentas de IA para criar ou manipular imagens com conteúdo sexual envolvendo menores (deepfakes).
As deepfakes sexuais são imagens com teor sexual criadas com inteligência artificial sem o consentimento das pessoas que violam a privacidade e a dignidade das vítimas.
O deepfake é a versão mais perigosa da fake news porque adiciona uma prova visual e auditiva quase perfeita que é muito difícil para o olho humano (e, às vezes, até para especialistas).
A repercussão de conteúdos virais envolvendo crianças (por exemplo, vídeos que expõem ou sexualizam menores) gerou picos de denúncias e reacendeu o debate público sobre a responsabilidade das plataformas e a necessidade de medidas legislativas e educativas.
Para Priscila Meyer, CEO da Eskive, empresa especializada na conscientização em cibersegurança empresarial, “a melhor forma de prevenção é o conhecimento, é preciso saber como os criminosos atuam, e as alternativas de prevenção, tanto tecnológica quanto comportamental”.
Onde os perigos se escondem
Redes sociais (perfis falsos, convites para “sorteios”, pedidos de fotos e links de phishing);
Jogos online e chats de voz (contatos que se aproximam por meio de ofertas de “itens” ou favores em troca de informações ou imagens);
Aplicativos de mensagens e plataformas de edição de imagem (envio/edição de imagens, deepfakes);
Plataformas de vídeo com conteúdo viral que podem incentivar exploração ou exposição de menores.
O que pais, responsáveis e escolas podem fazer — orientações práticas
Converse cedo e com calma. Explique limites, o que pode ser compartilhado e o que não deve ser (fotos íntimas, localização, dados pessoais).
Acompanhe e participe. Use controles parentais (nativos dos dispositivos e plataformas utilizadas), acompanhe listas de amigos e converse sobre os jogos e apps que a criança usa.
Reveja configurações de privacidade. Perfis privados, restrição de mensagens de não-amigos e desativar a localização automáticas reduzem a exposição.
Ensine a identificar golpes, como nunca clicar em links que prometem prêmios sem checar a fonte e desconfiar de pedidos de dinheiro ou presentes digitais.
Evite expor imagens sensíveis. Ensine que imagens íntimas não devem ser gravadas, compartilhadas ou guardadas — e que compartilhá-las é crime.
Existem diversos projetos nacionais que visam promover a conscientização sobre a proteção da criança no ambiente online. Dentre eles, destaca-se o Teckids, que possui parceria com a Eskive e conta com diversas ações educacionais: materiais didáticos para os tutores, eventos gratuitos e outras iniciativas dentro e fora das escolas.
O que fazer em caso de ameaças?
Caso presencie ou vivencie uma situação de risco contra uma criança ou adolescente, registre as provas e denuncie. Se encontrar conteúdo ou comportamento suspeito, não compartilhe e denuncie aos canais apropriados, como a Central Nacional de Denúncias da SaferNet, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (Disque 100).
Já para casos de repercussão internacional, o mais indicado é procurar a Polícia Federal através do COMUNICA PF.
Fonte: Assessoria de Imprensa