Dia do Jornalista – Salve nós, gente… – Ivan Valença

Sábado, 7 de abril, dia do Jornalista. Um dia para a gente dizer que é só nosso. Mas, vamos e convenhamos, como outro dia qualquer – dia dos Pais, dia das Mães, dia da avó, dia do bisavó, etc., etc., etc. – todo dia é de jornalista. Afinal, nem no dia 7 de abril, que é o seu dia, o jornalista deixa de trabalhar. Vou mais longe: se brincar, é o dia que ele mais trabalha. Sabe como é, aquela história do orgulho de ser jornalista, etc. e tal.

Mas no dia do jornalista, cabe algumas reflexões. Por exemplo: existe uma profissão mais exposta a opinião pública do que o jornalista? Alguém aí pode se lembrar do médico, do dentista, do policial, e põe um monte de etc. aí. Não vem ao caso: o jornalista está na frente. Toda vez que sai uma notícia que alguém não gosta, vem logo a opinião: “Esse cara é um comprado”, “alguém tá pagando a ele para escrever, ou dizer, ou falar, isto”. Em 99,9% dos casos o jornalista é inocente: não recebe de ninguém, não é “comprado”, apenas publicou o que ouviu ou fez uma síntese da opinião pública.

Se, numa família de ricaço, alguém faz uma besteira, a primeira coisa que pensam é: vamos tentar fazer com que a Imprensa não divulgue isso. E aí tome telefonemas para jornalista A, jornalista B, num sistema de pressão tão forte que, em alguns casos, termina no que o jargão policial chama de vias de fato…

O jornalista vive um estresse diário. Se ele assina uma coluna, expõe seu nome, tem que ter fatos novos diariamente. E tem que ser noticia boa, senão o leitor (ou o ouvinte, o espectador, etc.) mal acaba de ler e vai logo dizendo: “Essa porcaria não tem nada para ler”. Se ele for só repórter – e o escriba confessa que adora ser repórter – a frustração bate quando uma, duas, três pautas “caem”. E agora: a) o que fazer para substituí-la; b) o que dizer ao carrancudo chefe de reportagem? Que desculpa dar?

Disse que adoro ser repórter? Pois disse-o muito bem. Adoro tomar conhecimento de algo que ninguém ainda sabe e divulgá-lo aqui no Portal Infonet ou num veículo impresso. Como adoro ir para as entrevistas, fico espiando a reação dos companheiros. Cada um quer ser mais inteligente do que outro, mais vivo do que o cara ao lado, cada um quer fazer a pergunta mais incisiva… e por aí vai. Entrevista com governador então é um perigo. O jornalista corre o risco de sair prejudicado tão somente por uma pergunta mal colocada.

Mas, tudo bem, hoje é dia do jornalista. Vamos botar tudo isso de lado e erguer a taça – de água, jornalista não toma champanha – para brindar pela data. Salve ele. Quer dizer, salve nós, gente…

Por Ivan Valença

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