Apesar da idéia equivocada de muitos, ao pensar que o médico veterinário só cuida de cães e gatos, esta é uma área muito mais ampla. Dentre as atribuições do profissional estão a assistência clínica e cirúrgica a animais domésticos e silvestres, além dos cuidados com a saúde, alimentação e reprodução de rebanhos. Cabe também a ele inspecionar a produção de alimentos de origem animal, verificando o cumprimento das normas de higiene e evitando a transmissão de doenças para o homem. Em qualquer indústria que utilize matéria-prima de origem animal, a presença do médico veterinário é indispensável para realizar o controle dos produtos. O médico veterinário João Farias, que atua na área há aproximadamente 25 anos, conta que as pessoas se dedicam a tratar de animais desde os tempos antigos, quando começaram a domesticá-los. “A medicina veterinária teve uma grande amplitude porque dentro da medicina humana já se faziam experiências com os animais. Os médicos veterinários eram solicitados porque entendiam a fisiologia e patologia dos animais. Como as grandes disputas territoriais (guerras) eram feitas a cavalo, os senhores feudais tinham que ter uma equipe de veterinários para cuidar dos animais que transportavam os soldados”, complementa João Farias. Ele aproveita para reforçar a variedade de opções que a profissão oferece hoje. “Quando começou a aparecer a criação de animais domésticos para reprodução (boi, carneiro, ovelha, porco, aves), a figura do médico veterinário se destacou para oferecer orientações básicas de manejo, prevenção por imunização (vacinas), até a chegada do animal ao açougue. No açougue, o veterinário entrou como profissional da Vigilância Sanitária, fazendo a inspeção dos produtos de origem animal. Isso sem contar o profissional que trabalha com tecnologia de ponta. São os que fazem a biotecnologia da reprodução, inseminação artificial e transplante de embriões, por exemplo”, explica. A formação em medicina veterinária dura, em média, cinco anos, com os dois primeiros anos tratando de disciplinas básicas. Depois é a vez de estudar as doenças, as técnicas clínicas e cirúrgicas e, então, optar pela especialização. O veterinário em Sergipe Segundo o médico, um dos empecilhos para o retardo na pecuária é que muitos criadores ainda acham o serviço do profissional de medicina veterinária caro, o que ele considera um erro. “Quantas vacas ele pode perder? Quanto de leite ele pode perder? Quantos bezerros vão deixar de nascer? O custo de não contratar um profissional acaba sendo muito mais alto com os prejuízos que o criador provavelmente terá.”, argumenta. João Farias encontrou dificuldades no início da carreira. “Meu pai não queria um ‘doutor de bicho’. Ele só ficou encantado quando foi conhecer a Universidade Rural de Pernambuco, onde estudei, e quando começou a me ver fazendo as primeiras cesarianas”, diz. Ao longo de 25 anos e 8 meses de atuação, Farias conta que aprendeu a caminhar com as próprias pernas. Ele decidiu, por exemplo, mesmo com a resistência de alguns colegas, que não mutila animais.
As primeiras escolas de veterinária brasileiras surgiram em 1910, mas somente no dia 9 de setembro de 1933 o então presidente Getúlio Vargas autorizou a atuação e ensino da medicina veterinária. Por conta disso, nesta data se comemora o Dia do Médico Veterinário. João Farias: 25 anos dedicados à profissão
Atuação
Em Sergipe, o veterinário João Farias, que já trabalhou em diversas áreas da profissão, inclusive como professor, diz que o ofício está se expandindo muito na área de pet, principalmente em municípios como Propriá, Lagarto e Itabaiana. Para o médico, uma possível explicação relacionada ao aumento do número de animais de estimação em Aracaju, e a conseqüente procura por veterinários, é a ampliação da população de terceira idade, que busca animais de companhia. O confinamento de famílias em apartamentos, junto a animais como cães, gatos e aves também é outra justificativa.
Apesar de o crescimento na área pet ser notável, João Farias alerta para a perda econômica que o Estado pode estar passando por não valorizar a criação de animais para corte e produção de leite. “O Estado de Sergipe é mais ligado à monocultura, e a pecuária acaba perdendo espaço. Hoje não existe em Sergipe a noção de produção de suíno, por exemplo. Quando você chega ao supermercado, a carne de suíno vem do sul do Brasil, quando poderíamos produzi-la aqui”, comenta. Suíno seria boa alternativa para o Estado, segundo veterinário
Primeiros passos
“Aqui não mutilamos animal. Não fazemos corte de orelha de pitbull, amputação de cauda. Não faço nada disso. Deixo o animal natural. Quem vem me solicitar esse serviço, eu tento conscientizar de que não é necessário. Fico tão contente quando o animal chega aqui balançando a cauda…”, diz com um sorriso que denuncia o amor pelo trabalho.
O profissional aconselha aos estudantes que a graduação é só o primeiro passo. “Depois de graduado, faça uma residência em uma universidade, ou do Nordeste ou do Sul. Faça um ano de residência, pelo menos, para você sentir se está capacitado a exercer a função. Não seja graduado em medicina veterinária para querer logo clinicar. O caminho não é por aí.”, recomenda.
Hoje Sergipe abriga apenas uma instituição de ensino que oferece o curso de Medicina Veterinária. No entanto, há planos para implantá-lo na Universidade Federal de Sergipe.
Por Andreza Azevedo
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