Economista alerta para problemas causados pelo aumento de juros

A segunda maior taxa de juros básicos do mundo. Essa é a posição que o Brasil ocupa – só perdendo para a Turquia – após a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central – Copom –, ocorrida na tarde de ontem. Na reunião, a primeira do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a taxa de juros Selic – Sistema Especial de Liquidação e Custódia -, subiu de 25% para 25,5%, o maior índice desde maio de 1999. A decisão agradou o mercado financeiro, que não escondia a preferência pela alta dos juros. Com a divulgação da meta ajustada de inflação com a qual o BC vai trabalhar, de 8,5% para 2003 e 5,5% para 2004, analistas afirmaram que seria necessário um novo aumento da taxa Selic. Para Luiz Moura, economista do Dieese em Sergipe, a possibilidade de um novo aumento da Selic dependerá de como se comportarão os aumentos de preço. Moura vê na decisão do Copom em elevar os juros como uma medida questionável. “O aumento dos juros é um fator balizador da atividade econômica. No caso brasileiro, isso é até exacerbado”, afirma. Quanto ao impacto desse aumento na população em geral, o economista alerta para as conseqüências. “Existe relação direta entre a taxa Selic e os juros do cheque especial e do crédito ao consumidor. Todas as vezes que ela aumenta, esses índices também sofrem pressões para subir. Por isso é preocupante esse último aumento. Porque se por um lado ele serve para inibir o reajuste de preços, por outro lado tem um efeito extremamente danoso sobre a atividade econômica e sobre o consumo do trabalhador, impactando negativamente no emprego”, explica.