Os 35 educadores que trabalham no Centro de Atendimento ao Menor – Cenam -, instituição ligada a Secretaria de Estado de Combate à Pobreza, confirmaram que mantêm a decisão tomada em assembléia realizada pela categoria na última terça-feira, dia 7, de paralisar as atividades a partir das 10 horas da manhã deste sábado. Segundo o presidente da Associação dos Trabalhadores em Instituições de Tutela Pública da Criança e do Adolescente de Aracaju – Atica -, Ricardo Rodrigues Ramos, diferente do que vem sendo noticiado na imprensa, a greve será realmente deflagrada amanhã, caso nenhuma proposta concreta, por parte da Fundação Renascer, que gerencia o Cenam, seja apresentada aos trabalhadores. “O prazo está correndo. Não dissemos, em nenhum momento, que iríamos recuar do movimento. Se dentro desse tempo a Fundação apresentar alguma coisa consistente, que valha a pena discutir, nós podemos repensar. Mas, até o momento, nós só ouvimos promessas. Apenas palavras”, reclamou Rodrigues. Segundo ele, uma pauta – com as reivindicações da categoria – foi encaminhada a Fundação Renascer e à Secretaria de Estado de Combate à Pobreza em maio deste ano. Nela constariam os pedidos de reajuste na ordem de 8% nos salários – que passariam de R$ 295 para R$ 318,60 – e o aumento de educares por plantão, o que significaria a necessidade de contratação de novos profissionais. “Hoje somos 35 educadores para tomar conta de 63 internos. Como trabalhamos em sistema de plantão, a cada turno revezam-se nove profissionais por vez. Isto significa que apenas nove educadores tomam conta de 63 jovens, muitos revoltados e que não pensam duas vezes em agredir o único obstáculo entre eles e liberdade”, destaca o presidente da Associação. FUGA E REUNIÃO – Ricardo Rodrigues também falou que um grande número de fugas acontecem no Cenam. “Por exemplo, na quarta-feira, dia 8, quando fomos participar de uma reunião, às 19 horas, para entregar o documento com as deliberações que a categoria decidiu na assembléia realizada no dia anterior, houve uma fuga na instituição. Um menor chegou a ameaçar um dos educadores com um ‘chucho’ (arma artesanal) e o pessoal que estava lá, para a reunião, teve que correr para ajudar os colegas. E um dos internos conseguiu fugir. Isso mostra o quadro dramático que existe no Cenam. Aquilo ali é uma panela de pressão que ferve 24 horas por dia”, descreveu. E a situação parece estar realmente complicada. Além de alegar que a categoria está submetida a condições precárias de trabalho, a Associação não tem como garantir que os educadores, que na realidade não são funcionários do Estado e sim terceirizados, tenham suas reivindicações aceitas. “A Associação está exercendo um direito seu, o de reivindicar. Sabemos que os profissionais são contratados da Sergiserv, mas estamos trabalhando para o Estado, em condições subumanas, por isso que nos dirigimos ao governo”, justifica Rodrigues.
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