“Era a filha que me levantava do chão”

Jovem deixa uma filhinha de apenas um ano de idade (Fotos: Aldaci de Souza/Portal Infonet)

“Minha filha era muito boa comigo, me ajudava demais. Era a filha que me levantava do chão. Quando ela me via aperreada, dizia logo: mãe, não se preocupe e quando recebia o salário, dizia, mãe tome pra senhora. Agora minha filha é assassinada e eu estou aqui chorando por justiça”. O desabafo foi feito na manhã desta terça-feira, 6 por d. Rosineide da Silva dos Santos, enquanto aguardava a liberação do corpo da jovem Taís da Silva dos Santos, 22, assassinada dentro do ônibus, esta manhã, quando ia trabalhar.

A dor dos familiares é visível, até porque há pouco mais de três meses, Tais perdeu o marido de 19 anos, que também foi assassinado durante uma abordagem policial e com quem teve uma filha, que está com apenas um ano de idade.

Ao Portal Infonet, d. Rosineide relatou sem conseguir segurar as lágrimas e ora sendo sufocada pela dor da perda tão trágica: “Taís estava morando na casa do sogro, na mesma rua que a gente mora, a Sr. do Bomfim, no bairro Santos Dumont e todos os dias logo cedo, meu marido saia de casa, pegava ela e ia levar ela no ponto. Só saia quando ela entrava no ônibus pra ir trabalhar na fábrica em Nossa Senhora do Socorro e assim mesmo o pai fez hoje”, conta aos prantos.

D. Rosineide completou: "No sábado Taís passou o dia comigo e quando ia embora pedi pra ela dormir comigo e nós dormimos na mesma cama e no domingo, fomos juntas visitar minha mãe no Parque dos Faróis, como se fosse uma despedida", chora mais uma vez.

A mãe de Tais, D. Rosineide: "Era a filha que me levantava do chão"

“Eu deixei minha filha no ônibus, só sai quando ela entrou e em pouco tempo recebemos a notícia de que ela tinha sido assaltada, levaram a bolsa dela e não se conformaram, deram um tiro que tirou a vida da minha filha”, ressalta o pai de Tais, o Sr. João dos Santos.

Muito abalado, o sogro, o Sr. Fábio da Conceição, que perdeu o filho [Fábio da Conceição Santos Filho] também de maneira trágica, numa perseguição policial, no último dia 27 de maio de 2015]. “Meu filho tinha 19 anos, ele se envolveu com quem não presta, mas não tinha passagem pela polícia. E agora, minha nora se vai dessa forma. Ela e a filhinha deles moravam comigo”, completa o Sr. Fábio da Conceição.

SSP/SE

O pai, Sr. João ia levá-la todos os dias no ponto do ônibus, assim como fez hoje

O delegado geral Everton Santos falou sobre o latrocínio. “O delegado João Martins, com a equipe de Combate à Repressão e Roubo a Ônibus, já foi ao local. A ideia é ouvir as pessoas que estavam diretamente ligadas ao fato: motorista, cobrador, passageiros e verificar se tem imagens no ônibus, se tiver, a gente desvenda o crime com mais facilidade, se não tiver mesmo assim vamos identificar porque tudo indica que é alguém viciado em droga que amanheceu querendo um dinheiro mais fácil para satisfazer a sua necessidade pessoal do consumo de drogas. Nós vamos atrás desses infratores e apresenta-los à Justiça para que seja aplicada a medida penal pertinente”, enfatiza.

O marido de Tais, Fábio Conceição Santos Filho, morreu em maio deste ano (Foto: Divulgação) Delegado Everton Santos: "Operações continuam sendo feitas"

Everton Santos garantiu que as operações continuam sendo realizadas pela polícia civil e polícia militar e tem desvendado os crimes que tem acontecido, a exemplo da morte do motorista da Coopertalse. “A gente faz o que pode, infelizmente não tem como ter um policial por ônibus, precisamos do apoio da coletividade para denunciar esses criminosos e precisamos da cooperação das empresas para que nos forneça as imagens e possamos elucidar cada crime que acontece no interior dos ônibus”, afirma.

O velório de Taís da Silva Santos está acontecendo no Velatório Piaf à rua Itabaiana, bairro São José e o sepultamento está marcado para às 16h desta terça-feira.O crime que chocou a população, aconteceu nas imediações da Av. Visconde de Maracaju, dentro do ônibus que faz a linha Marcos Freire/DIA, quando quatro indivíduos entraram e anunciaram o assalto, atirando em seguida.

Por Aldaci de Souza