Especial Pedofilia – Perigo dentro de casa

Casa de dona Iracema: dor e revolta com o genro
Dona Iracema ficou preocupada ao encontrar vestígios de sêmen nas roupas da sua neta de quatro anos, no bairro Coqueiral. A dona de casa questionou a garota sobre o que teria ocorrido e, após muita insistência, a criança revelou que suas roupas ficaram daquele jeito após seu padrasto ter lhe obrigado a ingerir um pó amarelado.

Preocupada, a avó fez um escândalo, procurou a filha e relatou tudo. A mãe da garota defendeu o marido, dizendo que era coisa de imaginação infantil. “Moravam aqui no fundo da minha casa, depois desse dia ela ficou revoltada e foi embora com minha neta e o monstro junto”, falou.

Histórias como essa tremem a base familiar de muitos lares, principalmente em famílias de baixa renda. Quando o assunto é pedofilia, o perigo mora dentro de casa em 90% dos casos, segundo a presidente do Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente, Lídia Rêgo. “E a ausência ou não operacionalidade das políticas públicas nesse aspecto tem enfraquecido a família”, afirmou a assistente social.

Pais representam 70% dos agressores

Lidia Rêgo critica falta de políticas públicas
Pais e padrastos, que deveriam ser os maiores protetores das crianças, tornam-se vilões em 70% dos casos registrados no país. Em Sergipe não é diferente. Dos mais de mil casos contabilizados nos últimos três anos no Estado, a maioria tem a figura paterna, ou os companheiros das mães, no papel do pedófilo.

Para a psicóloga Tatiara Gomes, do Centro de Referência Especializada da Assistência Social (Creas), um grande problema é a ausência de punição nestes casos. “Na maioria das vezes, o agressor permanece em casa e a criança precisa ser retirada do convívio em seu lar, sendo encaminhada a um abrigo. É como se a vítima fosse transformada em culpada”, criticou.

A política habitacional é outro fator que influi muito nesse tipo de abuso, como defende Lídia Rêgo.  “Nas famílias de baixa renda, todas as pessoas da família compartilham o mesmo cômodo. A intimidade da criança não existe. Porque falar de abuso sexual passa pela sexualidade da criança”, justificou.

Tatiara Gomes aconselha as mães a acreditarem em seus filhos
O combate à pedofilia dentro de casa é dificultado pela falta de atitude em denunciar, e principalmente, pelas mães não acreditarem em seus filhos, como no caso da neta de dona Iracema. “As mães acham que a criança está inventando, mas é importante que a mãe ouça o que eles falam,  mesmo o filho tendo tendência a fantasiar situações”, aconselhou a psicóloga.

Além dos pais e padrastos

Tanto Lídia Rêgo como Tatiara Gomes ressaltaram que pais e padrastos não são os únicos, apesar de representarem a maioria nas estatísticas. A figura do agressor pode estar no vizinho, no irmão ou em um primo adolescente, com a  sexualidade já em formação. Além destes, é preciso prestar atenção também nas mulheres.

“Não é só o sexo masculino que está no papel de pedófilo. Inclusive, há casos de babás, que acariciam partes íntimas das crianças com objetos, que se caracteriza como um abuso sexual”, alertou a psicóloga. “É comum vermos divulgação de casos desta natureza apenas em famílias pobres, mas é preciso voltar os olhos para a classe média. Pedofilia é algo independente de raça ou classe social”, completou Tatiara.

 

Maioria dos casos ocorre em zonas periféricas
Distúrbios

As seqüelas do sofrimento dessas crianças e adolescentes podem aparecer na maturidade, em suas vidas sexuais. O abuso desperta o individuo para algo que normalmente só apareceria anos depois, podendo reprimir ou extravasar o comportamento das vítimas em relação ao sexo. “São casos e casos, não dá para generalizar. Vai depender muito de como a criança vivenciou isso”, opinou a psicóloga do Creas.

Mas, afinal, como e a quem denunciar um caso de pedofilia? Como as vítimas são tratadas e como deveriam ser cuidadas? Essas são problemáticas abordadas na reportagem de amanhã, 8, na série especial Pedofilia, produzida pelo Portal Infonet

Por Glauco Vinícius e Raquel Almeida

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