Nunca se ouviu falar tanto em haters (odiadores) e em propagação de mensagens de ódio. Todos os dias, pessoas anônimas ou famosas estão sendo vítimas de ataques na internet. Situação que muitas vezes acaba saindo do controle e provocando danos irreversíveis naqueles que estão sendo atacadas.
O Portal Infonet conversou com a psicóloga Petruska Passos, que também é psicanalista e neuropsicóloga, para entender a motivação dos haters em atacar as pessoas e as consequências desses ataques à saúde mental das vítimas.
A especialista explica que na internet as pessoas tem a sensação de impunidade, a falsa abertura para fazer tudo o que quer, escondido na frente de uma tela. E por conta disso, acabam expondo livremente o que pensam e o que são, o que normalmente não fariam em uma relação presencial porque sabem que teriam consequências.
“E nessa sensação de permissividade é que acontecem as manifestações positivas e negativas. Elogiar dá mais trabalho. Ter a capacidade de admirar e não se sentir menor que o outro, requer uma boa autoestima e uma maturidade mental para elogiar. Já odiar é mais fácil. A pessoa que não está bem consigo mesmo, despeja sua insatisfação no outro. É uma projeção. Tira se de si o que não gosta e despeja no outro”, explica.
Dra. Petruska aponta que as mensagens de ódio e os ataques na internet, principalmente nas redes sociais, foram intensificados na pandemia. “O problema da pandemia é lidar consigo mesmo. Muita gente quando tem um problema ou algo que não te faz bem, têm fugas. Sai com os amigos, vai numa balada, bebe num barzinho, mas com a pandemia esses recursos foram tirados. E ainda é mais complicado para os adolescentes, que estão numa fase de querer ter autonomia e querer resolver tudo sozinho, e eles não têm os recursos para isso”, aponta.
Traumas
Os ataques e mensagens de ódio provocam traumas nas pessoas e podem gerar problemas sérios para toda a vida. “Toda agressão não suportada gera um trauma e todo trauma gera regressão. É um recurso defensivo do nosso corpo para lidar com aquela situação que a gente não esperava. Toda vez que temos um trauma isso vai interferir no sono, na alimentação, manias podem surgir, sofremos com variação no humor, como depressão, síndrome do pânico e transtornos de ansiedade”, pontua a especialista que fala da importância da ajuda profissional.
“A primeira recomendação quando for vítima desses ataques é se afastar das redes sociais, para elaborar a destrutividade, porque a agressão não saudável. Busque também apoio jurídico, existem delegacias especializadas e leis para resguardar e proteger a vítima. E quando o sofrimento por essa situação afeta sua vida e sua rotina, é ideal buscar ajuda de um profissional, que vai te ajudar com recursos para que você consiga lidar com as adversidades”, orienta.
Como evitar?
As mensagens de ódio e os ataques podem ser evitados, mas é preciso que as pessoas, que utilizam as redes sociais, adotem alguns cuidados. O primeiro deles é filtrar o que posta em suas redes sociais.
“No Brasil, existe um hábito perigoso que é o de postar tudo que acontece na sua vida, na rede social. Não poste tudo que acontece na sua vida porque você não sabe o alcance disso, o que pode acontecer, a vulnerabilidade disso. Quando você posta, você pede atenção, você está querendo que alguém olhe para você, que se reconheça naquilo. Mas, se o outro não tiver bem resolvido, ele vai projetar suas frustrações em você. Por isso que digo, tenha cuidado com o que posta”, alerta.
A especialista sugere que antes da postagem seja feito um processo de autoconhecimento, que a pessoa se questione quais são seus objetivos com a postagem e se ela está preparada para lidar com os comentários que podem surgir.
“É preciso saber seus objetivos e se você está preparado para lidar com as consequências. É importante saber se aquela rede social tem a opção de bloquear os comentários. Essa também é uma maneira de se resguardar. E outro conselho que dou é que os pais acompanhem os filhos. Para os mais novos, o ideal é que determinados conteúdos e ambientes sejam bloqueados, e que os pais tenham acesso ao que eles consomem. Já quando se trata de adolescente é mais complicado, mas é preciso dosar a liberdade com os limites. Os pais precisam ser a referência dos filhos de amor e limites”, conclui.
Por Karla Pinheiro
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