Estrangeiros que moram em Aracaju contam o melhor da cidade

Viver às margens do rio Sergipe, desfrutar de clima quente o ano inteiro, compartilhar da gentileza e alegria do aracajuano. Esses e outros motivos fizeram um inglês, um peruano e um francês estabelecerem residência na capital sergipana, que comemora neste sábado, 17, 152 anos.

 

Um passeio ao Nordeste, uma missão a mando da companhia de trabalho, assim, meio que por acaso, essas pessoas descobriram Aracaju, retornaram, gostaram do que experimentaram e escolheram viver na terra do caranguejo, do caju, dos manguezais, da bela orla e da agradável rotina.

 

Segundo dados da Delegacia de Migração da Polícia Federal em Sergipe, atualmente 1.326 estrangeiros são residentes registrados em Sergipe. Pessoas de diversas nacionalidades têm escolhido o Estado como novo lugar para residir. 

De acordo com o agente federal Roosevelt Santana Santos, existe um aumento considerável de estrangeiros interessados em estabelecer moradia por aqui. “Tem aumentado o número de estrangeiros interessados nesse paraíso. São cerca de cinco processos de pedido de permanência por dia”, afirma.

 

A grande maioria é de italianos que chegam à capital para investir. Hoje são 96 deles registrados como donos de restaurantes, centros de entretenimento e comércio que movimenta a vida noturna na cidade. Outra nacionalidade bastante encontrada em Aracaju é de bolivianos, que somam 30 pessoas devidamente cadastradas e apresentadas à PF.

 

Uma das categorias de estrangeiros é a de estudantes que chegam com o visto temporário já solicitado no consulado brasileiro em seu país. Estudantes com origem em países de língua portuguesa, como Angola e Cabo Verde são em grande número. Atualmente, dez angolanos e 12 estudantes de Cabo Verde estão instalados em Sergipe.

 

Vistos

 

Para permanecer no Brasil é necessário que o estrangeiro solicite ao consulado brasileiro em seu país, seja o visto de permanência ou o temporário. O visto de permanência é solicitado pelos estrangeiros que aqui decidem estabelecer residência e têm prazo indefinido.

Ao entrar no Brasil estes visitantes devem encaminhar pedido à Polícia Federal, que emite uma carteira de identidade estrangeira. Existe uma triagem ainda no consulado no país de origem para ser concedida a liberação da permanência. Com o visto concedido, há apenas uma renovação da carteira de identidade de nove em nove anos. O novo morador não deve permanecer dois anos consecutivos fora do país. Se assim acontecer este perderá sua permanência.

 

Quem escolheu Aracaju

 

Em 1972 o inglês Peter John Ellice esteve em Aracaju. Veio a mando da companhia petrolífera em que se aposentou. Especialista em perfuração direcional, veio orientar os trabalhos nas plataformas marítimas, consolidando Aracaju como pioneira no Brasil. Entre idas e vindas casou com uma aracajuana e aqui estava ‘condenado’ a viver.

 

Já o

Roger Angel
peruano, artesão e apaixonado declaradamente por Aracaju, Roger Angel, chegou em 1991. Esteve passeando pelo Nordeste e conheceu a cidade e outras paixões que o fizeram retornar várias vezes. Há 16 anos decidiu que aqui deveria permanecer. As pessoas o conquistaram. A geografia e o clima foram decisivos. A beleza da Atalaia Nova foi fundamental, ‘um paraíso’. Tentou sair algumas vezes daqui, voltar para o Peru ou ainda para o Rio de Janeiro, mas não conseguiu. “Tentei sair e não consegui, porque para mim aqui é o melhor lugar do mundo […] eu imagino que é o centro do mundo”, diz.

 

Enquanto o francês Frederic Yves Eugene Tellier, em Aracaju desde 1998, chegou por opção e se tornou professor, dando aula particular de francês. Escolheu Aracaju para viver uma vida simples, modesta, mas com qualidade. Uma vida tranqüila, oportuna para gozar das belezas do Brasil e adquirir bens culturais. O cidadão do mundo diz não garantir que morrerá em terras sergipanas e que existem outros lugares a se conhecer, mas por enquanto a vida em Aracaju tem lhe trazido boas recordações. “Tem seus problemas, mas depois acontece outra coisa que faz você feliz e você esquece”, resume Frederic.

 

Frederic diz que aprendeu duas coisas no Brasil: o ‘jogo de cintura’ do brasileiro. Saber lidar com as dificuldades e problemas da cidade e das pessoas, que muitas vezes querem explorar o visitante comercialmente. Aprendeu também a ser amável e flexível, e não agressivo como os europeus. “Os europeus têm um lado agressivo. Aqui no Brasil tem esse jogo de cintura, de saber muito bem como sair numa boa de uma situação”, admite Tellier. Uma opinião que Peter discorda, quando afirma ter encontrado por aqui ‘gente alegre, mais parecida com os europeus’.

 

Clima

 

Peter John
Em comum os três estrangeiros encontraram em Aracaju um clima quente, ameno, de muito sol, intertropical, um dos fatores mais atrativos e acolhedores para que aqui permanecessem. Um clima que traduz a espontaneidade das pessoas que aqui vivem, um clima alegre e aconchegante. Um clima estável e agradável que torna a cidade mais simpática. “Viver com o sol e com esse clima é maravilhoso”, fala o inglês.

 

Belezas naturais

 

Ruas arborizadas, praças por toda cidade, uma cidade limpa e que não vive o estresse urbano possibilitando conhecer as belezas do lugar, seja do alto, no morro do Urubu, ou ao nível do mar, contemplando o nascer do sol na orla de Atalaia. Segundo Frederic é possível conviver com as belezas naturais de perto na cidade. Animais são vistos nas ruas, nas universidades, em praças, “coisa que não acontece na Europa”, testemunha.

 

Para Peter John a cidade oferece muitas opções de entretenimento e cultura desconhecidas por grande parte da população. “Tem opções que muita gente não conhece. Para o ecoturismo é um lugar fantástico”, afirma, citando o Parque dos Falcões, na Serra de Itabaiana, e o projeto Tamar, em Pirambu.

 

Turismo

 

O turismo desenvolvido em Aracaju, ainda que aos olhos da população local seja tímido, é o que faz a tranqüilidade dos estrangeiros. A exploração comercial vivenciada por eles em outros Estados não permite que se conheça a cidade. A abordagem constante tira a liberdade de compreender o fascínio do lugar. “Aqui não tem o costume do turismo”, diz Frederic.

 

Problemas x Acomodação

 

Frederic Tellier
Usuário do transporte coletivo, Frederic Tellier não sente dificuldades e nem reclama do sistema, acredita que a insatisfação da população com as problemáticas do país é também resultado da acomodação do povo como cidadão. Para ele, o cidadão é quem tem a força e é a partir dele que deve surgir a mudança, seja através do voto, ainda que obrigatório, ou de manifestações.

 

Já o homem internacional Peter John, conhecedor de países em outros continentes, viu Aracaju crescer. Sente falta do trânsito mais livre e o vê como uma questão a ser discutida pelas autoridades. Como adepto da locomoção em bicicleta, sugere que Aracaju, uma cidade plana, deveria aderir a este veículo como principal meio de transporte.

 

John reconhece que existe violência, mas que ainda assim aqui é o melhor lugar do Brasil para se estabelecer. “Melhor lugar para se morar no Brasil. Ainda tem problemas com crimes, mas não é um crime organizado, é menos perigoso”, explica.

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