Estupro no retiro: advogado promete apresentar cliente

Acusado vai ser apresentado à Polícia (Foto: rede social)

O advogado Aurélio Belém assumiu a defesa na segunda-feira, 11, e promete apresentar em breve à polícia o africano Daniel Manuleke, acusado por prática de estupro a vulnerável, crime supostamente ocorrido durante um retiro evangélico no carnaval passado no município de Salgado. Aurélio Belém substitui o advogado Max de Carvalho Amaral, afastado pela família do acusado por “quebra de relação de confiança”.

Aurélio Belém não definiu a data da apresentação do acusado e nega o crime de estupro. “Tenho convicção da inocência de Daniel e vamos provar tudo isso”, diz. Ele observa que o cliente não pode ser considerado foragido da justiça, explicando que o africano foi retirado de Sergipe para evitar maiores exposições. Por ser soropositivo, a exposição de Manuleke, neste momento, na ótica do advogado, poderia trazer consequências danosas à saúde dele.

O advogado diz que utilizará os documentos contidos no próprio inquérito policial para provar a inocência do cliente. Na opinião dele, até o laudo do Instituto Médico Legal não conclui pela lesão provocada por estupro. Segundo Belém, o laudo indica lesões que podem ser detectadas em qualquer pessoa que tenha até prisão de ventre.

Zulnária Soares investiga suposta extorsão (Foto: Arquivo Portal Infonet)

As delegadas do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV) da Secretaria de Estado da Segurança Pública que investigam o caso e que obtiveram a emissão de prisão preventiva contra o acusado não se manifestam. Preferem manter o silêncio até a prisão do acusado, segundo informou a assessoria de imprensa da Segurança Pública.

A assessoria garante que o laudo assinado por perito do IML não deixa dúvidas que houve o estupro e entende que o advogado Aurélio Belém tenta desqualificar o inquérito policial ao apresentar argumentos contrários às investigações.

Suposta extorsão

Belém não fala do suposto crime de extorsão do qual teria sido vítima Alex de Carvalho, que lhe antecedeu na defesa do africano naturalizado brasileiro, mas garante que utilizará a gravação para sustentar a inocência do acusado. “Não entro no mérito da questão ética, se o advogado que gravou a conversa errou ou não. O que interessa à defesa é que a gravação se encaixa na história”, comenta.

Antes de se afastar da defesa do africano, Alex de Carvalho teria gravado a conversa que teria tido com um outro advogado [Máximo Selem], que atua defendendo a suposta vítima. Na conversa, Máximo teria proposto pagamento de R$ 300 mil para “esquecer” a denúncia de estupro. “A família da vítima só ficou sabendo dos boatos por interferência da própria família do meu cliente”, conta Aurélio Belém.

Ele revela que um dos coordenadores do retiro religioso teria procurado os pais adotivos de Manuleke para informar que, entre os jovens que participaram do retiro, teria disseminado boato indicando que o jovem teria mantido relações sexuais com uma adolescente de 12 anos. Ciente de que o filho adotivo é soroposito, conforme explica o advogado, os pais procuraram a família da suposta vítima para informar os boatos e tomaram a iniciativa, por precaução, de levar o coquetel de medicamentos anti-aids para a adolescente. “Os pais tomaram conhecimento do fato no dia seguinte e por que só levaram a adolescente para fazer os exames dez dias depois?”, questiona.

É justamente nesta interrogação que o advogado encontra a resposta para a importância da gravação do diálogo dos advogados nas investigações relacionadas ao crime de estupro. Conforme Aurélio Belém, nove dias após o encontro dos pais adotivos do africano com os pais da suposta vítima, o advogado Máximo Selem procurou o advogado Max de Carvalho para propor entendimentos.

“Claramente, Máximo diz que representa a família da menina e disse: ‘você me paga R$ 300 mil e a gente não vai à polícia’.O dinheiro solicitado não foi pago e, no décimo dia, eles foram à polícia”, conta Belém. “Se o pagamento tivesse sido feito, nada disso estaria acontecendo. Se os pais do meu cliente não tivessem levado o medicamento, nada disso estaria acontecendo”, completa.

O advogado Máximo Selem permanece dando assistência jurídica à suposta vítima do crime de estupro e nega a prática de extorsão. “Não vou abandonar o barco. Muito pelo contrário, estou com mais força. Já recebi mais de 100 telefonemas e, entre eles, de muitos advogados se solidarizando comigo”, revela. “Não ocorreu crime de extorsão. Houve uma conversa entre advogados para um acordo na área cível”, diz.

Para Máximo Selem, se ocorreu algum crime, o crime teria sido praticado pelo advogado Max de Carvalho. “Ele tentou me desmoralizar e quem saiu desmoralizado foi ele porque escritório de advocacia é inviolável pela Constituição Federal e por lei específica e ele cometeu o absurdo de gravar a nossa conversa”, defende-se.

Máximo Selem diz que, em relação à suposta extorsão, ele não mais se manifestará porque recebera a informação de que a OAB/SE já estaria instaurando processo ético disciplinar para investigar a conduta.

Delegacia

O suposto crime de estupro ganhou novas proporções com as gravações do diálogo entre os dois advogados. A delegada Maria Zulnária Soares de Oliveira, da 1ª Delegacia Metropolitana, já instaurou inquérito policial para investigar o suposto crime de extorsão no qual o advogado Max de Carvalho é classificado como vítima e Máximo Selem figura como acusado. “Mas vamos analisar todo o material que recebemos, marcar os depoimentos e, ao final, poderemos concluir se aconteceu o crime e chegar à autoria”, diz a delegada, que tem prazo de 30 dias concluir as investigações.

O Portal Infonet tentou ouvir o advogado Max de Carvalho, mas não obteve êxito. O Portal Infonet permanece à disposição do profissional. Informações podem ser encaminhadas por e-mail: jornalismo@infonet.com.br

Por Cássia Santana

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