
Em sua primeira entrevista após ser condenado a 28 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado, o ex-policial rodoviário federal Paulo Rodolpho Nascimento afirmou que não teve a intenção de matar Genivaldo de Jesus Santos durante a abordagem policial em maio de 2022, na cidade de Umbaúba, interior do estado.
O depoimento inédito foi exibido durante o programa Domingo Espetacular, da Record TV, deste domingo, 20. O jornalista Roberto Cabrini foi o responsável pela condução da reportagem.
“Eu não saí de casa para matar ninguém. Eu não saí de casa para torturar ninguém. Eu só cumpri meu dever, fui trabalhar”, disse Rodolpho. O ex-PRF está preso no Presídio Militar de Aracaju.
Questionado sobre o uso de gás lacrimogêneo dentro da viatura onde Genivaldo foi imobilizado, Rodolpho justificou a ação como uma tentativa de conter o que chamou de “agressividade” da vítima. “O aluno formado em operação de controle de distúrbio sai com a certeza de que gás lacrimogêneo não mata”, declarou.
Durante a entrevista, o ex-policial também afirmou que não teve conhecimento de que Genivaldo era esquizofrênico no momento da abordagem. A viúva da vítima, Fabiana Santos, contesta: “É como se eles estivessem surdos. Eu levei o atestado dele e eles não deram ouvido”.
O caso ganhou repercussão nacional e internacional após vídeos mostrarem Genivaldo sendo imobilizado dentro do porta-malas de uma viatura da PRF, que foi transformada em uma espécie de câmara de gás improvisada. Ele morreu por asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda, conforme laudo pericial.
Mesmo condenado, Rodolpho negou ser uma pessoa violenta e afirmou ter agido dentro do protocolo policial. “A partir do momento que ele se nega a obedecer aos comandos e reage fisicamente, eu preciso dar uma resposta”, disse o ex-PRF.
Relembre
Genivaldo foi abordado por agentes da PRF enquanto pilotava uma motocicleta sem capacete. Durante a abordagem, ele foi colocado dentro de uma viatura, onde os policiais usaram spray de pimenta e gás lacrimogêneo em espaço fechado, o que resultou em sua morte por asfixia. O caso gerou grande comoção nacional e repercussão na mídia, destacando o uso desproporcional da força.
Os ex-policiais rodoviários federais William Noia, Paulo Rodolpho e Kleber Nascimento foram condenados pela morte de Genivaldo de Jesus Santos, vítima de abordagem policial em 2022. A condenação foi decidida no dia 7 de dezembro de 2024, durante o 12º dia do Júri Popular que ocorreu no Fórum de Estância.
Paulo Rodolpho foi condenado pelo júri popular, por homicídio triplamente qualificado, e teve a pena estabelecida em 28 anos de reclusão. Em relação aos réus William Noia e Kleber Freitas os jurados entenderam que não atuaram com dolo, passando a análise dos fatos para a competência do próprio juiz. Noia e Freitas foram, então, condenados pelo crime de tortura com resultado morte, a penas de 23 anos, um mês e nove dias de reclusão.
Os jurados entenderam que Paulo Rodolpho Lima Nascimento cometeu homicídio triplamente qualificado: por asfixia, por motivo fútil e sem chance de defesa para a vítima. Em relação a William Barros Noia e Kleber Nascimento Freitas, após a decisão dos jurados de que os réus não atuaram com o dolo de matar, o juiz, na sentença, afirmou que o julgamento mostrou um fato único: crime de tortura com resultado de morte não intencional.
por João Paulo Schneider
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