Mayra Moinhos: bandidos com documentos legítimos e dados falsos (Fotos: Portal Infonet) |
O agente prisional Gildásio Gois, 50, preso durante a Operação Fênix, é apontado como um dos principais servidores públicos que teria intermediado entendimentos com bandidos envolvidos em facções criminosas sustentadas pelo tráfico de drogas e homicídios na emissão de documentos de identidade com dados falsificados emitidos pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) e cada documento falso expedido pelo Instituto de Identificação do Estado de Sergipe era comercializado pelo valor aproximado de R$ 5 mil, segundo informações da delegada Mayra Moinhos, reveladas em entrevista coletiva concedida na manhã desta terça-feira, 17, na sede do Instituto de Identificação para explicar a prisão das nove pessoas envolvidas direta e indiretamente neste esquema montado há alguns anos naquela instituição.
O agente prisional Gildásio Gois, que trabalha em uma das unidades prisionais mantidas pela Secretaria de Estado de Justiça e de Defesa do Consumidor (Sejuc), recebeu voz de prisão em casa, na cidade de Itabaiana, na manhã desta terça-feira, 17. Além de Gildásio Gois, o capitão Santana [Josenides Rodrigues de Santana, 64], que está aposentado da Polícia Militar, mas habilitado para atuar no Batalhão Especial de Segurança Patrimonial (Besp), também foi preso acusado de fazer intermediação com servidores do Instituto de Identificação através do irmão dele, Gilberto Rodrigues de Santana, 69, um servidor do Instituto de Identificação, que teria atuado para viabilizar a emissão dos documentos contendo dados falsificados e que também recebeu voz de prisão em casa nesta manhã.
Instituto de Identificação: serviços voltam à normalidade |
Além deles três, também foram presos outros servidores públicos que teriam participado de forma direta ou indireta, recebendo algum tipo de benefício, para agilizar a emissão do documento solicitado. Estão presos José Marcelino Pereira Correia, 56 anos; José Raimundo Araújo do Nascimento, 54; Gonçalo Bruno de Farias Rodrigues, 32; Servando Emílio Prado Cabrera, 61; Carlos Henrique Constantino dos Santos, conhecido como "Kaká", 51, e Rodrigo César Dias [idade não revelada pela SSP].
Mortos
A delegada Mayra Moinhos e a equipe que está à frente das investigações identificaram, inclusive, bandidos que estão circulando com documentos em nome de pessoas mortas e falsários que recebem indevidamente benefícios do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e do Bolsa Família. Há suspeita, conforme Mayra Moinhos, que o Instituto de Identificação de Sergipe ‘esquentou’ a primeira via da Carteira de Identidade do traficante conhecido como José do Patanal, que já está morto. “Ele era uma pessoa conhecida e que jamais entraria no Instituto de Identificação pessoalmente para tirar uma identidade falsa”, destaca a delegada. A identidade dele está entre os documentos falsificados no Instituto de Identificação de Sergipe.
Agentes investigam documentos (Foto: SSP/SE) |
Para Mayra Moinhos, havia um esquema naquela instituição que facilitou a emissão de documento falso usado por bandidos foragidos da justiça de Pernambuco e de outros Estados brasileiros. Os investigadores não identificaram uma quadrilha organizada. Segundo a delegada, os servidores públicos que exercem a função de agente administrativo no Instituto de Identificação agiam isoladamente por indicação especial do capitão Santana e do agente prisional. Alguns agiam até por negligência, dentro ‘do jeitinho’ comum de receber uma propina que varia entre R$ 50 a R$ 100 para agilizar a emissão da Carteira de Identidade sem a análise detalhada e minuciosa da origem dos documentos apresentados.
A delegada ainda não mensurou o volume de recursos movimentado pelos servidores envolvidos neste esquema nem a quantidade de RGs falsos emitidos, mas estranha o volume expedido diariamente. Em 30 dias, segundo a delegada, foram emitidos 215 primeiras vias do documento em Sergipe, enquanto no primeiro trimestre deste ano foram expedidas 62 Carteiras de Identificação (RG) para pessoas provenientes de outros Estados. “É um número que assusta porque a gente tem uma população pequena”, disse.
Os serviços foram interrompidos temporariamente no Instituto de Identificação nesta manhã, mas foram normalizados posteriormente.
Servidor preso presta depoimento à delegada (Foto: SSP) |
A investigação teve origem em 2016 com a desarticulação de uma quadrilha integrante da facção Bonde do Maluco, cujos integrantes acusados por assaltos a banco foram presos portando cédula de identidade com dados falsos emitidas pelo Instituto de Identificação de Sergipe. Com estas prisões, a SSP iniciou a investigação que chegou aos mandados judiciais que culminaram com a prisão dos supostos envolvidos.
O Portal Infonet está à disposição dos suspeitos presos. Informações podem ser enviadas por e-mail jornalismo@infonet.com.br ou por telefone (79) 2106 – 8000.
Por Cássia Santana
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