GMA e flanelinhas: tensão e revolta (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet) |
Continua tenso o clima no centro da capital sergipana. Na manhã desta sexta-feira, 2, a Guarda Municipal de Aracaju aumentou o efetivo e a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) interceptou as entradas dos estacionamentos públicos na região dos mercados para impedir a atividade informal dos flanelinhas. Na quinta-feira, 1º, houve tumulto, confronto entre os guardas municipais e alguns flanelinhas foram presos, acusados de praticar crime de dano contra o patrimônio público.
Nesta sexta-feira, 2, os flanelinhas permanecem concentrados na região dos mercados centrais, aguardando uma solução para que eles possam exercer alguma atividade e ter retorno financeiro para conseguir a sobrevivência. “Isso é a lei, fechar tudo aqui e não deixar a gente trabalhar, e nossa geladeira como fica, como ficam nossos filhos?”, questiona Paulo Sérgio Souza Santos, 41 anos, dos quais 28 anos dedicados à atividade informal naquele local.
“Eles mandaram a gente fazer curso, a gente fez. Mandaram a gente ir pra um lugar, depois mandaram a gente ir pra outro e agora somos 30 cadastrados. Aí, eles pegam o número do telefone e manda a gente ir pra casa dizendo que qualquer coisa entram em contrato com a gente. E a gente vai ficar assim, sem trabalhar?”, comenta Sérgio, exaltado, em resposta às orientações que está recebendo da equipe da GMA.
Geraldo: 40 anos na atividade informal |
O senhor Geraldo Marques Pereira, 56, também está atônito. Há 40 anos exerce a atividade conhecida como flanelinha no mercado informal e não aceita as medidas adotadas pela Prefeitura de Aracaju. “Eles têm que deixar a gente trabalhar. O que vamos fazer para pagar nossa água, nosso aluguel e os remédios”, desabafou, sem esconder a tristeza. “Eles estão tirando nosso pão, quem está fazendo o povo roubar é o próprio governo”, complementou. "E agora, como vou viver minha vida?", questiona José Edmilson Menezes, 44, que exerce a atividade há 28 anos.
Comissão
O supervisor da Guarda Municipal, Wilton Márcio Rodrigues Jesus, explicou que a GMA aumentou o efetivo em decorrência do confronto ocorrido na quinta-feira, 1º, que culminou com a prisão de flanelinhas. “Estamos com o efetivo reforçado para coibir qualquer ato de desordem”, disse Wilton. “Alguns colegas de vocês estão presos porque cometeram crime de dano e serão responsabilizados por isso. A Guarda Municipal não recuará para garantir a segurança e, se necessário, agiremos com o rigor da lei”, disse o supervisor, dirigindo-se aos flanelinhas.
Wilton: orientações para um acordo
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Ele informou que a questão relacionada ao trabalho deve ser debatida diretamente com a SMTT e sugeriu que eles formassem uma comissão para tentar o diálogo. O superintendente da SMTT, Nelson Felipe da Silva Filho, não vê impasse, não classifica a atividade informal como trabalho e diz que os flanelinhas não aceitaram as alternativas sugeridas pela Prefeitura de Aracaju, que estaria vinculada à formação profissional como lavador de veículos. “A gente se propôs até a regularizar a associação deles para que eles pudessem participar na venda dos ticketes [do estacionamento rotativo], mas eles não quiseram”, disse. “Agora vamos cumprir a legislação, a prefeitura não pode se submeter à vontade de três ou quatro pessoas”, observa.
Nelson Felipe diz que as pessoas sempre reclamaram da atividade informal dos flanelinhas e revelou denúncias de que a clientela se sentia coagida e ameaçada. “E agora todos continuam sendo coagidos e ameaçados, não vamos ser hipócritas. Flanelinha não é trabalho. Eles têm que migrar para outra atividade regulamentada porque, como flanelinha, a prefeitura não vai permitir”, resumiu.
Por Cássia Santana
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