Fora de época

Os carnavais fora de época estão perdendo entusiasmo em todo o Brasil. Do Micarande, em Campina Grande, na Paraíba, ao Maceió Fast, em Alagoas, o ritmo é único e o tempo vai cansando e se transformando em rotina para quem, antes, passava os 12 meses do ano esperando a festa. O Fortal, por exemplo, um dos mais badalados do Nordeste, está à beira da morte, e o bem freqüentado Carnatal, no Rio Grande do Norte, não entusiasma como antes. Ninguém pretende tirar o brilho da festa, que continua sendo um dos maiores eventos de Sergipe, mas o Pré-Caju que começou ontem, já não é o mesmo de há cinco anos atrás, embora os seus promotores mantenham o entusiasmo de sempre. Este ano, por exemplo, um dos mais tradicionais blocos que participou da prévia aracajuana, chegou a distribuir abadas para não sai com pouca gente. O prejuízo para o empresário foi enorme. A própria estrutura modificada do corredor da folia, que cantou democracia ao desfazer a parte esquerda para que o povão participasse, o fez porque o número de camarotes foi reduzido. Não foi apenas isso: as bolsas dos blocos agora vêm com apenas duas camisas. É diferente porque fica uma para cada dia, mas faltou o short, o balança mamãe (fora de moda?) e fitas que se colocavam na cabeça. Talvez uma economia que barateou os preços, mas a bolsa de plástico, que serve de embalagem para as camisetas, poderia ser dispensadas e os valores caiam mais um pouco. Os promotores dos eventos, em todo o Nordeste, devem se reunir para encontrar uma nova forma de levar a moçada às ruas e retomar a empolgação que antes mexia com toda a estrutura das capitais, mas que hoje o faz em proporções muito menores. O que está faltando? Ou, então, o que está excedendo? Será que essas terríveis bandas baianas ainda são o tesão dessa juventude que realmente está querendo uma renovação? Vamos insistir que o Pré-Caju continua sendo uma dos maiores eventos de Aracaju, mas não tem mais tantas variações. Quantos blocos morreram? Dino, Gula-Gula, Fascinação e alguns outros. É preciso rever o que essa moçada quer, porque o próprio Carnaval de Salvador já não faz tanto sucesso como antes. As pessoas estão preferindo brincadeiras entre amigos em pequenas cidades do interior. E só começar a prestar atenção nisso. Olinda, hoje, é fashion, para usar a linguagem dos colunistas sociais. O Pré Caju existe há 11 anos. Em 1992, no seu primeiro dia, dois ou três blocos arrastavam a multidão para uma praça de eventos que, à época, o então secretário de Obras, deputado federal José Carlos Machado, teve coragem de abrir próximo ao Augusto’s. Cinco anos depois, o auge, quando os blocos saiam da praça da Bandeira, atravessavam toda Barão de Maruim, entravam na avenida Beira-Mar e desembocavam na praça de eventos, em frente ao prédio do Augusto’s. Era uma maratona. Depois o percurso foi reduzido. Hoje mal começa, acaba. Nesses 11 anos, com certeza, já não dá mais para se empolgar com uma guitarra de tom repetitivo do Chicletes com Banana, embora ainda se dê para suportar uma Ivete Sangalo, que provavelmente está próximo de deixar os trios e seguir a carreira de cantora de outra categoria, como fez Daniela Mercury. Acabou o tempo dos “Netinhos”, dos “Tchans” e de outros cantores que foram desaparecendo. Durval Lelis já está caminhando para o mesmo fim. É preciso repensar o Pré Caju, para que a festa não morra por inanição. Só para lembrar: o jovem que tinha 16 anos e saiu no primeiro Pré Caju, hoje está com 27 anos e já é mãe ou pai. Quem saiu com 25 está chegando aos 40 e esse pessoal continua ouvindo o mesmo tom, de um ritmo que vem capengando e se tornando chato. O deputado Fabiano Oliveira é um homem da noite, com muitas idéias e em condições de encontrar a melhor forma de fazer retornar a empolgação. É preciso procurar saber o que os jovens de 16 ou 18 anos de hoje estão querendo. É preciso colocar na rua alguma coisa além de Chiclete, de Durval, de Netinho e desse povo todo que está envelhecido e sem pique para agüentar os quilômetros de antes. O Pré Caju é uma grande festa, não tenham dúvida, o que existe de mais expressivo na atração de pessoas de outros Estados para a Sergipe, ma já não é mais a “ultima Coca-Cola do planeta”. Como os demais carnavais fora de época, está precisando se renovar, está precisando se manter jovem, fazer uma plástica total, com lipoaspiração e tudo, para que tenha uma nova forma e se mantenha no primeiro do ranking da atração turística sergipana. Pode-se ainda agüentar dois ou três anos de prévias em todo o país, mas algumas, em outros Estados, já estão em estado terminal. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

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