Ontem, por volta das 7 horas, um incêndio foi detectado dentro do prédio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Segundo as informações veiculadas de Brasília, pelo menos cinco andares foram completamente destruídos. O Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, que chegou ao local cinco minutos após ter sido chamado, somente conseguiu controlar o fogo, que teria se iniciado no 7º andar do prédio, por volta das 10h30. Incêndio no prédio do INSS, no Setor de Autarquias Sul, em Brasília. Foto Roosewelt Pinheiro/ABr
No momento do ocorrido, aproximadamente 30 funcionários que cuidavam da limpeza e da segurança estavam no prédio. Eles ouviram uma explosão vinda do 7º andar, onde funciona o Departamento de Contabilidade e Finanças da Previdência. Os funcionários da segurança tentaram impedir o avanço das chamas, mas de pouco adiantou, o que os levou a deixar o prédio.
O próprio Corpo de Bombeiros teve dificuldade para controlar as chamas. Um dos fatores que mais contribuíram para isto foi a condições dos equipamentos de combate a incêndio do próprio prédio do INSS. Com mais de 40 anos o edifício, possui equipamentos muito antigos. As mangueiras tinham pressão suficiente e alguns hidrantes estavam inoperantes.
Segundo o comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, Sossígenes de Oliveira Filho, a temperatura no interior do edifício atingiu cerca de 800 graus. Oliveira Filho, um dos responsáveis pela operação de combate ao incêndio que contou com 150 bombeiros e 17 viaturas, lamentou as condições precárias dos equipamentos, o que em sua avaliação impediu a agilidade dos trabalhos. Fotos: José Cruz/ABr
De acordo com as informações, os cerca de mil servidores que chegavam para trabalhar no prédio se comoviam diante do cenário de destruição. Inúmeras explosões provocadas pelo calor, lançaram papéis e vidros. Oliveira Filho informou que este foi o maior incêndio ocorrido em Brasília nos últimos dez anos.
Investigação – O laudo que deve apontar as causas do incêndio será elaborado por uma equipe de dez peritos do Corpo de Bombeiros. O mesmo deve ficar pronto dentro de um prazo mínimo de 15 dias. Segundo Sossígenes de Oliveira Filho, a perícia será feita em conjunto com a Polícia Federal (PF), uma vez que o INSS é um órgão vinculado ao Ministério da Previdência Social.
O delegado da PF, Valmir Lemos, que esteve no local acompanhado de peritos, não descartou a possibilidade de incêndio criminoso. Assim como ele, Oliveira Filho também não descarta esta hipótese de incêndio criminoso. “Qualquer possibilidade para o início de um incêndio tem que ser considerada, não pode ser afastada. Contudo, o que nós poderemos identificar é se foi uma ação pessoal direta ou não. No mais, cabe à Polícia Federal verificar se essa ação pessoal foi criminosa ou não”, explicou Oliveira.
Por outro lado, o comandante do Corpo de Bombeiros, lembra que a possibilidade de um curto circuito ter provocado o incêndio também deve ser considerada. “É um prédio antigo e é natural que isso aconteça, mas isso só pode ser visto depois que a perícia for feita”. Já do ponto de vista do ministro da Previdência Social, Nelson Machado, apesar de o edifício ser antigo, “as condições normais de uso e funcionamento estavam adequadas”.
Machado, afirmou que não descarta a possibilidade de o incêndio no prédio do INSS. Segundo o ministro, há a suspeita de que o incêndio tenha começado no sistema de ar condicionado do edifício. Contudo, ele ressaltou que é preciso esperar o laudo pericial para apontar as causas.
Avaliação – Durante uma avaliação do incêndio que destruiu, pelo menos, cinco dos dez andares do INSS, o ministro da Previdência Social garantiu que os 23 milhões de beneficiários do INSS não serão prejudicados. Em entrevista coletiva, o machado assegurou que o pagamento dos benefícios será feito normalmente de acordo com calendário inicial. Entrevista coletiva de Nelson Machado e de Sossigenes de Oliveira. Fotos Elza Fiúza/ABr
Ele explicou que não havia área de atendimento a beneficiários no prédio. “Os nossos segurados, as nossas seguradas, podem ficar tranqüilos: a folha de pagamentos está assegurada. A partir da segunda-feira todos os pagamentos serão feitos normalmente”, afirmou o ministro, garantindo ainda que a folha de pagamento dos funcionários do órgão também será paga em dia.
A entrevista foi concedida após uma reunião do ministro com os diretores do INSS. Nesta foram avaliadas as perdas e discutidas as providências a serem tomadas diante do ocorrido. Nelson Machado classificou o incêndio como uma tragédia, e disse que, graças a Deus, não houve vítimas. Sobre os prejuízos ele avalia que os mesmo são grandes sob os aspectos materiais e organizacionais. “Aquele é um prédio administrativo, onde tinha toda a estrutura de comando e coordenação do INSS”, justificou.
Segundo o ministro, os funcionários retomariam os trabalhos ainda na tarde de ontem, mesmo que em condições precárias. “Vamos manter a Previdência funcionando, com a ajuda dos nossos funcionários, da Dataprev e com a solidariedade de outros órgãos da administração federal. Alguns já nos ofereceram locais para que a gente possa começar a funcionar ainda que precariamente”, declarou Machado, que espera que até o fim da próxima semana os trabalhos já estejam normalizados.
Providências – Uma das áreas atingidas pelo fogo foi a Secretaria de Receita Previdenciária, setor responsável pelos processos de auto de infração e pela cobrança de dívidas de empresas e de entidades filantrópicas. “Seguramente os processos relativos às autuações da Secretaria de Receita Previdenciária precisarão ser refeitos, porque os processos físicos, materiais, foram destruídos”, disse o ministro. Bombeiros rescaldam o prédio do INSS.
Nelson Machado, afirmou que apesar de o sistema central de informações do ministério possuir cópias de segurança dos acervos do Instituto Nacional de Seguro Social, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, muitos processos precisarão ser reconstituídos. Este processo, segundo o ministro deve ser iniciado já na semana que vem. Ele informou ainda que está sendo avaliada a destruição de processos de investigação de possíveis fraudadores da previdência.
“Vamos avaliar no decorrer da semana a maneira de recuperar e refazer os processos. Sempre é possível refazer, mas é claro que muitas vezes teremos prejuízos por problemas de provas materiais”, avaliou o ministro, acrescentando que os prejuízos mais graves concentram-se a partir do 4º andar, onde funcionam, além da secretaria, as áreas de orçamento, finanças, logística e diretoria de recursos humanos.
Com informações da Agência Brasil