O Linux é internacionalmente conhecido entre os usuários de computador. Porém, até muito pouco tempo atrás, para encontrar informações em português sobre o programa era necessário realizar verdadeiras investigações, muitas vezes em vão. Foi então que, em um belo dia, um garoto de apenas 14 anos resolveu lançar o The Linux Manual, o primeiro manual em português sobre o software. Uma idéia de gênio, sem dúvida, e que foi uma grande mão na roda para quem lida com o programa. Mas o que talvez muita gente ainda não saiba é que o tal garoto é, literalmente, um de nós. Nascido e criado em Aracaju, cidade onde mora até hoje, Hugo Cisneiros já se tornou famoso em todo o país pela sua idéia. Atualmente aos 19 anos, ele conversa com a equipe do Informática Sergipe, para contar um pouco sobre o seu trabalho. Confira a entrevista. INFORMÁTICA SERGIPE – Você era bem novo quando começou a se interessar pelo Linux. Quando e como foi seu primeiro contato com o programa? Hugo Cisneiros – Comecei a mexer com o Linux aos 13 anos. O manual saiu um ano depois, quando eu tinha 14. Na época, não havia nada sobre o programa em português e eu sabia muito pouco de inglês. Apenas o básico do básico, o que me impedia de ler outros manuais, para poder me informar. Então, resolvi me inscrever em uma lista de discussão, através da Internet. Foi onde eu realmente aprendi a lidar com o Linux. IS – E como surgiu a idéia do manual? Como ele foi sendo elaborado? HC – Tudo o que eu aprendia, eu anotava. E aí, pouco a pouco, fui juntando uma série de dicas sobre como utilizar o programa. Um dia, peguei o material e mandei para a lista de discussão. O pessoal gostou muito. Comecei a receber sugestões, críticas… Aí eu me empolguei! (Risos) Comecei a anotar mais e mais dicas e a organizar tudo isso em um mesmo documento. E foi assim que surgiu o manual, que foi lançado no início de 98. IS – Já pensou em publicar o seu trabalho através de uma editora? HC – Não, não. O meu trabalho nunca teve fins lucrativos. O manual foi resultado da ajuda que eu obtive. Então, nada mais justo que deixá-lo disponível para quem precisar dele. Nunca vendi uma cópia sequer, e nem pretendo fazer isso. Em mim, o Linux desperta a vontade de ajudar, compartilhar. E é exatamente isso que me chama a atenção no programa. Ele está muito envolvido com a solidariedade, com a amizade. Ele não é apenas um software. Por trás de tudo isso, há uma filosofia de vida. IS – Falando então dessa ligação entre os usuários do Linux, é comum ouvir falar sobre “irmandades” do programa. Você já participou de alguma? Isso acontece também aqui em Aracaju? HC- Em 97, eu fundei o Linux-SE, uma comunidade do programa em Aracaju. Mas a idéia não vingou. No começo de 99, o grupo se desfez. Na época, eu estava entrando na adolescência, passando por uma daquelas típicas crises de identidade. Resolvi abandonar o projeto. Este ano, porém, um novo grupo resolveu retomar a iniciativa e reerguer a comunidade. Os integrantes me convidaram e eu estou ajudando. IS – E as propostas de trabalho? Surgiram muitas depois do lançamento do manual? HC – Aos 15 anos, dei os primeiros cursos de Linux na cidade, na Procem Informática. Depois disso, passei basicamente um ano sem lidar com o programa. Voltei a trabalhar com ele apenas no ano 2000. Mas hoje não dou mais cursos na área, embora pretenda voltar a fazê-lo em breve. IS – Em breve? Então o Linux continua fazendo parte dos seus planos para o futuro, certo? HC -Pode-se dizer que sim. Estou abrindo uma empresa de consultoria em Linux, ainda este ano. O nome vai ser Devin. Pretendo voltar a dar cursos pela empresa. Mas, por enquanto, estou apenas nos preparativos. E quem quiser saber um pouco mais sobre o você e o manual, ou mesmo contratá-lo para algum trabalho? Qual a recomendação? HC – Eu tenho um site na Internet onde o pessoal vai poder encontrar um monte de informações, como uma série de tutoriais, a primeira versão do manual e a primeira mensagem que eu enviei para a lista de discussão. O endereço é http://tlm.conectiva.com.br. Para entrar em contato comigo, basta mandar uma mensagem para o meu e-mail: hugo.cisneiros@aracaju.se.gov.br. Confira as novidades do canal INFORMÁTICA SERGIPE, com Fernando Freitas