Inumeráveis: memorial de vítimas da Covid-19 ganha núcleo em Sergipe

Memorial digital reúne nomes e histórias de vítimas do vírus, em narrativas sensíveis (Foto: Site Inumeráveis)

Enquanto a escalada pandêmica cresce exponencialmente, no Brasil, os dados centralizam o noticiário e travestem o que há por trás de toda essa crise: vidas. Muito antes de números, pessoas que perderam a batalha contra a Covid-19 são histórias, sorrisos e agora luto. É a essência desse raciocínio que tem movido a construção do memorial ‘Inumeráveis’, dedicado às milhares de vítimas da doença no Brasil – e que nas últimas semanas ganhou um núcleo em Sergipe.

O grupo, que nasceu no Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Sergipe, reúne 10 estudantes de jornalismo, dois jornalistas egressos da instituição e o professor Vitor Braga, que tem coordenado às atividades. “Como jornalistas e contadores de histórias, a gente entende esse projeto como uma tentativa de humanizar essa cobertura midiática. Os dados de vítimas da doença são apresentados diariamente em gráficos, como se fossem números de câmbios da moeda, quando por trás disso tudo, estão nossos pais, tios, vizinhos, pessoas com histórias e que das suas formas contribuíram para a sociedade”, justifica Braga.

Sergipana que morava em São Paulo, Maria gostava de casa cheia e apreciava visita de filhos e netos

Desde que iniciado o trabalho do núcleo, em Sergipe, pelo menos sete vítimas locais da Covid-19 já foram incluídas no memorial. Para cada um dos nomes, há narrativas reunindo um pouco da sua história de vida e representatividade. O trabalho de localizar as vítimas, reunir informações e entrar em contado com os familiares são desafios, mas não suficientes para desmotivar os voluntários. Ao lado, a história da sergipana Maria Augusta Andrade, 71, vítima do vírus no estado de São Paulo.

Reunindo histórias de vítimas em todo o país, o site foi uma idealização do artista Edson Pavoni, e a lista de voluntários cresce a cada dia. “Números não penetram o coração como histórias. Não há quem goste de ser número. Gente merece existir em prosa”, diz o Pavoni. O espaço digital, no futuro, pode também ganhar seu local físico, como mais uma forma de eternizar as pessoas que perderam suas vidas para o vírus mais avassalador do mundo.

Para o familiar que perdeu alguém para a Covid-19, o próprio site dá a opção de que essas histórias sejam relatadas. O conteúdo, antes de ser publicado, é verificado por jornalistas para atestar a veracidade e não ter duplicidades de vítimas. Em Sergipe, o núcleo disponibilizou para contato o e-mail: projetoinumeraveisse@gmail.com ou mensagem para o número: (79) 9117-2933.

Por Ícaro Novaes

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