Iran Barbosa: “Brasil é campeão em assassinatos de gays”

Iran Barbosa

Dados da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos revelam que o Brasil tornou-se um país “campeão mundial de assassinatos de homossexuais, tendo como característica o requinte de crueldade, numa confirmação de atitude de ódio e rejeição”, conforme declaração do secretário Iran Barbosa, que classifica a homofobia como sentimento de repulsa, ódio e rejeição.

O secretário Iran Barbosa revela que, em escala nacional, Sergipe ocupa o 9º lugar no ranking de comportamento homofóbico do Brasil. Ele revela que 64% dos crimes, no Estado, são praticados na grande Aracaju. A capital sergipana possui legislação municipal de combate à homofobia. Iran Barbosa é um destes articuladores, quando atuou como vereador na Câmara Municipal da capital. Ele é autor de emenda à Lei Orgânica do Município, proibindo a discriminação contra homossexuais na capital sergipana. E a vereadora Rosangela Santana (PT/SE) emplacou projeto que se transformo em lei, instituindo o dia 17 de maio como o Dia Municipal de Combate à Homofobia.

"É na diferença que a gente afirma os nossos valores e grandezas. O direito fundamental do cidadão é o direito de ser feliz, o direito de resistir", diz Iran Barbosa. Ele explica que homofobia é o “sentimento de repulsa, ódio e rejeição, manifestados com violência e requintes de crueldade contra cidadãos que têm orientação sexual diferente do padrão hetero-normal, ou seja, mantêm relacionamento sexual adverso ao padrão homem e mulher”.

O secretário analisa que “a célula domiciliar é espaço de pouca tolerância à diversidade sexual”. Para Iran Barbosa, o acesso à informação inibe o preconceito. "Quanto mais acesso à educação, menos comportamento homofóbico. Quanto maior o acesso à educação, maior a possibilidade de conviver com a adversidade", diz.

Debate
Em recente evento promovido por jornalistas em Aracaju, a temática foi debatida com participação do secretário Iran Barbosa, do delegado da Polícia Civil Mário Leone, da 4ª Delegacia da Divisão de Homicídios, da presidente da Associação de Lésbicas de Sergipe, Ednalva Monteiro, do presidente da Associação de Defesa de Homossexuais de Sergipe, Marcelo Lima, e da deputada estadual Ana Lúcia Menezes (PT/SE).

"Nossa maior luta é para desconstruir a hetero-normalidade, fundamentada nos padrões vigentes nas três instituições: religião, família e escola", observou Ednalva Monteiro, explicando que a união afetiva entre homossexuais de qualquer gênero também pode se constituir em família e lar, passivos de estabilidade, formação e segurança.

"Nós, lésbicas, somos protagonistas nesta desconstrução", assumiu Ednalva, em oposição aos dogmas do cristianismo e do patriarcado.
“A escola é um espaço de confronto de culturas e do domínio permanente do comportamento”, completa a deputada Ana Lúcia Menezes.

Na avaliação da parlamentar, o caminho para mudança de paradigma está nas políticas públicas de educação, saúde e de direitos humanos. “Não há como romper com os preconceitos sem a intervenção da política pública”, diz a parlamentar, propondo a quebra da dicotomia religiosa que, para ela, oscila entre os valores do “bem e o mal”.

Para a deputada Ana Lúcia Menezes, faz-se necessário que a sociedade se aproprie das informações para potencializar o comportamento de combate ao preconceito.

O delegado de Polícia Mário Leone revelou que a cada dois dias, um homossexual é morto no Brasil. “São crimes que acontecem na clandestinidade, na calada da noite, e, quase sempre, não são denunciados. É preciso encorajar estas pessoas a denunciar”, conceitua.

Pesquisas
Dados revelados no Censo do IBGE realizado em 2010 destaca que 60 mil residências são ocupadas por homossexuais que convivem em união homoafetivas no Brasil.

Já pesquisa do Grupo Gay da Bahia (GGB) revela que, só em 2010, 260 homossexuais foram assassinados no país, superando em 62 casos os dados do ano de 2009. Outro dado preocupante revelado pela pesquisa é que o maior número de vítimas da homofobia tem faixa etária entre 20 anos e 29 anos.

Dados oficiais indicam que, entre os meses de janeiro e março deste ano, 65 homossexuais foram assassinados em território nacional. A mesma pesquisa indica que 43% dos 260 assassinatos praticados em 2010 aconteceram na região nordestina.

O presidente da Associação de Defesa Homossexual de Sergipe – Adones, Marcelo Lima, analisa que "a atitude gay mudou”. Para o ativista, a maior surpresa foi perceber a adesão de 50 ou 60 meninos entre 12 e 13 anos, que demonstram maturidade sexual comparável a de quem tem 40 anos. “Ele tem desejos como um adulto e a sociedade precisa reconhecer essa condição", considerou Marcelo Lima, atribuindo a mudança no comportamento gay às políticas públicas federais de proteção, desenvolvidas a partir de 2003, quando ocorreu a I Conferência Nacional de Combate à Homofobia.

Marcelo Lima defende ainda que o trabalho de informação, conscientização e respeito às diferenças precisa ser iniciado nas escolas com o auxílio de pedagogos, professores e psicólogos. "Tudo que é diferente é anormal e fora do padrão. Se a família não vai fazer, a escola precisa assumir esse papel", analisa.

Com informações do www.bellamafia.org

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