Itabaiana: aposta informal virou tradição

Jairton (à direita) pagando a quantia de R$100, após ter apostado a favor da seleção de Portugal
Os palpites são lançados entre grupos de amigos, familiares e até entre pessoas que não são tão amigas assim.  Mais do que faturar a bolada, a aposta informal na cidade de Itabaiana virou tradição entre os freqüentadores da praça João Pessoa.

Durante a Copa do Mundo da África do Sul as apostas não passam dos R$ 500 diários, segundo os apostadores mais assíduos. Mas, alguns moradores da cidade chegam a afirmar que as apostas movimentam milhões de reais. “O ano todo apostamos em jogos, seja campeonato sergipano, espanhol, brasileiro, estaduais e não seria diferente em ano de Copa do Mundo”, explica Jairton Tavares, 49 anos.

De acordo com o apostador, até o momento o Campeonato Mundial pode ter movimentado cerca de R$ 10 mil. “Desde o início da Copa nós fazemos apostas, mas não são tão altas assim, acho que deve ter chegado aos 10 mil, não sei se no jogo da final esse número aumentará”, pontua Jairton.

Antônio do Deso também perdeu a aposta no jogo das oitavas de final
Jogo a jogo os apostadores se reúnem e lançam os palpites não só no placar final da partida. “Apostamos tudo aqui, desde o placar até o jogador que irá fazer o gol, assim dá mais emoção e dificulta as possibilidades”, explica Jairton Tavares.

Após o jogo entre Espanha e Portugal, pelas oitavas de Final, na última terça-feira, 29, os apostadores se reuniram na famosa praça para pagar e receber o dinheiro apostado, cerca de mil reais. “Todo dia é assim, após o jogo a gente se reúne aqui para acertar as contas, eu mesmo acabei de perder R$100 para o colega que apostou na Espanha”, revela Jairton

Eleições

Gilson diz que apostas movimentam a cidade de Itabaiana
As apostas de Itabaiana são famosas principalmente no período de eleição, onde circulam aproximadamente R$3 milhões. “As aposta são muito altas, tem gente que aposta casa, carro, só não aposta mesmo a mulher”, brinca o comerciante Gilson da Mota.

Gilson relata que nunca participou de aposta, mas afirma que a jogatina já virou atração para aqueles que apenas observam. “Acho interessante essa atividade e a cidade respira dinheiro durante a eleição. Há alguns anos um apostador chegou a perder R$ 600 mil na eleição, isso foi o comentário da cidade”, revela Gilson.

Valores

Antônio dos Passos perdeu R$ 60 mil nas eleições passadas
O apostador Antônio dos Passos, 43 anos, confidencia à equipe do Portal Infonet que na eleição passada chegou a perder R$ 60 mil, apostando em um candidato. “Apostei em uma pessoa para prefeito, mas ele acabou perdendo a eleição e eu o meu dinheiro”, brinca Antônio, acrescentando que esse ano arriscará em um candidato ao governo.

O apostador Ranulfo Francisco da Paixão não revela quanto costuma arriscar na jogatina, mas há quem diga que ele tem cerca de nove caminhões, todos oriundos de apostas. “As pessoas falam demais, isso é só ‘frevo’ dessa turma, eu não tenho nem uma bicicleta para passear”, falou sorrindo Ranulfo.

Tradição

Ranulfo nega que ganhou nove caminhões em apostas
Ranulfo ressaltou que as apostas acontecem há muitos anos e que ele aprendeu com os mais velhos. “Há muitos anos as pessoas apostam aqui em Itabaiana e isso acabou virando um vício mesmo, é uma coisa que vai passando dois mais velhos para os mais novos e não tem jeito de acabar, às vezes da até para ganhar um dinheirinho”, pontuou o apostador.

Quem aprendeu a apostar com o pai foi a jovem Suely da Cunha Costa, 23 anos, que, mesmo não freqüentando a praça João Pessoa, arriscou em um palpite na eleição passada e acabou perdendo mil reais. “Meu pai era um grande apostador, mas depois que ele morreu eu tentei arriscar um dinheirinho e acabei perdendo. Não sei se vou tentar outra vez”, revela a jovem.

Apostadores

Suely aprendeu a apostar com o pai
Segundo Antônio Oliveira, mais conhecido como ‘Antônio do Deso’, durante as eleições a praça João Pessoa fica repleta de apostadores. “Todos os dias tem gente apostando aqui, mas na época de política ficam cerca de cinqüenta apostadores circulando na praça”, ressalta Antônio do Deso.

O apostador ainda ressalta que para apostar em um candidato não precisa fazer parte de nenhum partido político. “Aqui não é jogo partidário, as pessoas não apostam porque defendem determinado candidato, apostamos pelo simples palpite, como fazemos em um jogo de futebol”, finalizou.

Por Alcione Martins e Raquel Almeida


 

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