Gabriel: "assalto, eu descarto" (Foto: Cássia Santana/Portal Infonet) |
A família do estudante Tiago Ferreira da Cruz, 19, morto a tiros na noite da quarta-feira, 27, em Japaratuba, estranha a primeira versão apresentada pela polícia, que está tratando o crime como um assalto ocorrido em um sítio de propriedade do sargento Mário César Vieira, da Polícia Militar de Sergipe, que também foi atingido por um tiro e se encontra internado no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse).
O técnico em informática Gabriel Ferreira da Cruz, 27, irmão do jovem morto, não sabe explicar, mas estranha a versão oriunda dos primeiros levantamentos realizados pela polícia militar. “Assalto? Quem vai fazer assalto no meio do mato, em um local muito escuro à noite?”, questiona o irmão da vítima. “Assalto, eu descarto”, comenta.
Gabriel reside em Aracaju e ficou sabendo da ocorrência na mesma noite. Ele e o pai, o aposentado José Carlos Cruz, seguiram para Japaratuba no momento em que receberam a notícia, mas não estiveram no local onde ocorreu o crime. “Estava muito tarde e o corpo já tinha sido removido, então a gente decidiu não ir lá”, revelou.
Chocado, o aposentado José Carlos não sabe explicar. “Nem sei dizer o que aconteceu”, reagiu o pai, que desconhece o grau de amizade do filho com os familiares do policial ferido. O jovem residia em Japaratuba com a mãe, que não tem mais convivência com José Carlos. Tiago estava estudando, matriculado no ensino fundamental em uma escola na cidade de Japaratuba e era um garoto tranquilo, sem inimigos, segundo ambas as famílias.
De acordo com familiares da esposa do sargento César Vieira, o jovem morto tinha um bom relacionamento com o policial e costumava frequentar a casa dele, em Japaratuba. Segundo informações de Marlene da Silva, prima da esposa do policial ferido, Tiago era um menino muito querido pela família e teria saído à tarde com destino ao sítio na companhia do PM, para distribuir alimentos aos animais. “Eles estavam demorando e minha prima [esposa do policial ferido] mandou o filho procurar”, conta Marlene, que está convicta que o policial e o jovem foram vítimas de assalto.
Marlene informou ainda que o garoto seguiu para o sítio pilotando um ciclomotor e, ao chegar no local, teria se surpreendido ao encontrar o veículo da mãe, um Fiesta [que estava sendo usado pelo PM], crivado de balas. “Ele viu o carro todo furado por bala e voltou correndo, dizendo que tinham matado os dois”, conta Marlene.
Com esta informação, a esposa do PM, segundo Marlene, teria ficado desesperada e teria telefonado para o pai dela, que reside em Pacatuba. A partir deste telefonema, segundo Marlene, os policiais foram mobilizados e saíram em diligência para localizar as vítimas. “Ele [o policial baleado] está internado, falando, já contou tudo, mas ainda não sabe que o menino morreu. Foi um assalto”, observou. “Mas eu não posso dizer como tudo aconteceu porque a polícia está investigando”, destacou.
O crime foi registrado como assalto e deverá ser investigado pela polícia civil, segundo informações do tenente-coronel Paulo César Paiva, chefe da 5ª Seção da PM, responsável pela comunicação social da corporação.
Por Cássia Santana
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