Desde que iniciou o governo, o administrador assumiu o discurso de que o Estado estava sucateado e que lhe foi entregue em condições precárias. A tentativa de reverter o quadro poderia justificar o desaparecimento do governador da cena política durante as eleições do último outubro, fato que causou revolta por parte de aliados e candidatos às Prefeituras do interior. O mesmo aconteceu na capital: João tinha candidato, mas suas demonstrações de apoio pareceram parcas para a imprensa local. Hoje, durante uma entrevista em um programa de rádio, Alves adotou o novo discurso, o de que teve que reinventar o governo. “Eu vou usar a palavra da moda para explicar bem, tive que reinventar, fazer uma reestruturação do Estado, senão seria, no máximo, um tesoureiro da folha de pessoal”, explicou o gestor, que acabou não entrando na questão do aumento de salário do servidor público estadual. Segundo ele, o governo está reestruturado e reinventado depois que foram feitos “estudos cuidadosos para diminuir os gastos do Estado. Eu daria dados que você ficaria surpreendido, mas eu vou dar um só: hoje fazemos todas as compras pelo leilão eletrônico e tivemos uma redução de 25%. Racionalizamos tudo isso e conseguimos outras receitas, como tributos da Petrobras que não eram pagos”. Quanto ao último fato, João fez uma ressalva: “todo mundo faz isso (o que a Petrobras faz), não é desonestidade, não, apenas tem Estados que não cobram e ela (a Petrobras) vai levando. Todo mundo sabe que Eduardo Dutra é meu adversário político, mas isso não quer dizer nada”. ADVERSÁRIOS – E o governador tem muitos adversários. Tantos que se julga quase incompreendido pela classe política do Estado. Para João Alves, há muita gente empenhada em atrapalhar seu trabalho, esquecendo de servir a Sergipe. E como anda a administração municipal? A resposta: “que eles não sabem administrar eu já sabia. Esses meninos precisam aprender a administrar. Gerenciar é muito mais difícil que fazer discurso. Você já pensou esses meninos administrando a ponte da Barra? (risos)”. O ponto de discussão para a alfinetada foi a reforma do calçadão do Centro, que teve a entrega mais uma vez adiada pela Prefeitura de Aracaju e que “foi uma coisa muito feia isso…”, na avaliação de Alves. “E o governador, entrega a ponte no dia 31 de dezembro de 2006?” – desafiou o apresentador do programa – “O senhor aposta uma caixa de whisky?”. “Olha… Na época que eu apostava whiskies, eu era administrador de uma empresa forte, a Habitacional, hoje só vivo de salário, a empresa é dos meus filhos. Aceitaria outra proposta: eu dou um pra dez. Se eu ganhar, você me paga uma caixa de whisky. Se perder, dou dez (caixas). A ponte vai ficar pronta sim”, garantiu. E depois de um Estado totalmente reestruturado, o governador, em meio a conversa no rádio, ofereceu até mesmo estágios e empregos: “Se o menino do PT quiser aprender um pouquinho (a administrar)… eu boto ele pra fazer um estágio lá na ponte”, disse Alves, não esquecendo de outra personalidade: “Tem um rapazinho que é do Ibama e ainda pensa que é do PT. Acontece que ele tem que tirar a camisa vermelha e colocar a verde amarela. Esses meninos têm que aprender a gerir!”. A PONTE – Apesar de ser um dos projetos mais anunciados pelo Governo do Estado e sua equipe de Marketing, João reclama da visibilidade que a obra está tendo, pois, para ele, há projetos muito mais importantes sendo desenvolvidos, como o ‘Nova Califórnia’, que chega a ser “algumas vezes maior que o da ponte”, diz. Aliás, o ‘marketing’ realizado pela Prefeitura Municipal de Aracaju também foi criticado pelo governador, que diz que hoje, se dá muita importância a esse tipo de coisa. Ademais, um dos pontos bastante criticados de seu governo foi o tamanho do investimento em publicidade sobre Segurança Pública, justamente pelos representantes da oposição na Assembléia Legislativa. Agora que o administrado garantiu que a pior fase do Estado já passou, garante que terá tempo de voltar a ser o João Alves de antigamente e que as crises e turbulências na administração estadual estão próximas do fim. Ou pelo menos que ele volta a fazer campanha para reeleição em 2006.Dois anos depois de eleito governador do Estado, João Alves Filho disse hoje que agora tem tempo de voltar a ser o João Alves de antigamente. O próprio João Alves admite que ainda não teve tempo de conversar com o povo nem visitar o interior do Estado, mas deve retomar estes contatos a partir de 2006. “Quem mudou não fui eu, foi o país”, justifica o governador, para, em seguida, dizer que a partir de janeiro volta a ser o João Alves de antes.
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