“Agora ficou mais fácil e rápido, as pessoas chegam aqui, dizem o número e nós digitamos, aí ela recebe o volante do jogo como comprovante. A mesma coisa acontece com o resultado”, explicou um dono de banca localizada na avenida Barão de Maruim, que não quis se identificar. Ainda é possível encontrar pessoas sentadas em cadeiras nos cantos de bares, ou em alguma calçada movimentada, com uma velha banca azul realizando as apostas. No entanto, sem o papel e caneta. Alguns pontos da capital, onde o jogo é realizado não existe nenhum tipo de identificação, mas acabam seguindo uma característica comum. “Todos os pontos são pintados de azul, e nos lugares são realizadas também recargas de celular”, contou. O apontador ainda acrescentou que mesmo vendendo recargas o jogo ainda é a atividade mais lucrativa do ponto. Contravenção penal No entanto, para o superintendente da Polícia Civil, delegado João Batista, o problema vai além do simples jogo. “A questão não é a contravenção penal, e sim o que está por trás dela”, pontuou. Para João Batista o principal foco é o montante de dinheiro que esta atividade pode gerar e que não é tributado. “O que nos assusta é o volume de dinheiro que essa atividade produz. É um dinheiro que não é tributado, não é fiscalizado e não tem nenhum tipo de controle. E esse dinheiro pode estar irrigando outros tipos de crime, no mínimo lavagem de dinheiro, algum crime de ordem tributária”, ressaltou. “Não adianta pegar um apontadorzinho numa esquina. Não adianta, porque vamos pegar o lado mais fraco. A idéia é investigar, planejar e agir”, explicou João Batista. O delegado também esclareceu que atendendo ao Código Penal este tipo de contravenção é tratada de uma forma diferente. Como é um crime de menor potencial ofensivo e as demandas são muitas não se torna prioridade.
O jogo do bicho em Aracaju acompanhou a modernização das grandes capitais, digitalizando todo o funcionamento do negócio. Os bloquinhos de anotações e os carimbos de resultados deram espaço a maquinetas modernas, semelhantes aos de pagamento de cartões de crédito. Máquina utilizada para o jogo do bicho
Segundo o operador do jogo, como são chamados, mesmo sendo uma atividade considerada ilegal, essa acaba sendo uma boa opção para ganhar dinheiro, tanto para quem aposta como para quem vende o jogo. “Eu considero a mesma coisa das loterias da Caixa. As pessoas arriscam um palpite e apostam quanto elas querem ganhar”, pontuou. Homem realiza jogo em uma banquinha na avenida Barão de Maruim
As pessoas que trabalham com essa atividade, segundo a operadora de um dos pontos de jogos na avenida Francisco Porto, que também não quis ser identificada, ganham 20% do valor arrecadado nas apostas. “Aqui meu ponto é pouco movimentado, mas tem lugares por aí que a pessoas conseguem ganhar mais de seis mil reais por mês” explicou. Ponto do jogo em uma das principais avenidas de Aracaju
Quando questionado a respeito do trabalho da polícia, para combater a contravenção, o superintendente pontuou que a tônica dessa superintendência é trabalhar com planejamento. Ponto também vende recarga telefônica
“Ser combatido pela a polícia, isso é fato. É claro e evidente que a polícia tem suas limitações. Ela atua em várias frentes onde muitas vezes tem que haver prioridade nesse combate à criminalidade” pontuou. Superintendente da Polícia Civil, João Batista
João Batista finaliza explicando que uma operação para desbaratar o jogo do bicho demanda uma apuração investigativa, necessita de toda uma logística e requer tempo. “Infelizmente como acontece com o tráfico de drogas, a gente não consegue combater tudo ao mesmo tempo por causa das limitações”, disse.
Por Alcione Martins e Raquel Almeida
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