Jornalistas sergipanos decidem: vão à luta pelo diploma e pela valorização da profissão

Os jornalistas de Sergipe não vão cruzar os braços diante da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que no último dia 17, derrubou a obrigatoriedade de diploma universitário para o exercício do jornalismo. Propostas de luta para buscar reverter o golpe do STF à categoria foram aprovadas na assembléia extraordinária convocada pelo Sindicato dos Jornalistas de Sergipe (Sindijor) e realizada na noite desta quinta-feira, 25.

A assembléia envolveu jornalistas profissionais, estudantes e professores de jornalismo, e foi dado direito de voz e voto a todos que participaram. “Entendemos que a decisão do STF mexe com a vida de todos os jornalistas e futuros jornalistas. Por isso colocamos a proposta de abrir a assembléia para todos, e foi aprovada por unanimidade dos sindicalizados a participação também dos estudantes e professores”, explicou o presidente do Sindijor, George Washington.

Em muitas das falas de jornalistas profissionais e estudantes, o sentimento era o de revolta e indignação pela decisão do STF e pelos argumentos utilizados pelos ministros que, na opinião da maioria, não tinham fundamentos que justificassem o fim da exigência do diploma para jornalista.

“É falso e falacioso o debate sobre a liberdade de expressão e de opinião colocado pelos ministros, como é falso e falacioso o argumento de Carlos Britto, que coloca o jornalismo como arte, como literatura. Não é. Mas é bom lembrar que o que mudou, de forma radical, foi o acesso à profissão. Os direitos trabalhistas da categoria permanecem inalterados”, ressaltou Cristian Góes, dirigente do Sindijor.

A estudante de jornalismo Gleice Queiroz repudiou a decisão do STF e lamentou profundamente o voto do ministro Carlos Ayres Britto. “Me orgulhei muito quando Carlos Britto assumiu no STF, mas agora ele se mostrou uma grande decepção. Pago caro uma faculdade esperando para me formar e ter meu diploma, e agora ele não vale de nada. Isso me deixa indignada”, manifestou a estudante.

Após debater por mais de duas horas a decisão do STF e as conseqüências para os jornalistas, a assembléia apontou uma série de encaminhamentos para a categoria enfrentar essa nova realidade. As propostas aprovadas pelos jornalistas são:

· A categoria está, desde já, em estado permanente de mobilização e de assembléia;

· Realização de um seminário com participação do Sindijor, OAB e escolas de comunicação para discutir a decisão e os caminhos para buscar uma nova regulamentação para a profissão de jornalista que exija mais uma vez a formação em nível superior;

· Cobrar dos poderes Executivo e Legislativo de Sergipe posição pública em defesa da função de assessor de imprensa nesses órgãos como cargo a ser preenchido por jornalista diplomado;

· Realização de ato público em Aracaju em defesa do diploma de jornalista e da regulamentação da profissão;

· Ação jurídica individual ou coletiva dos estudantes de jornalismo ou profissionais contra a União, por intermédio do Sindicato, requerendo indenização por danos material e moral pela perda do diploma de jornalista para o exercício da profissão;

· Apoio a quaisquer iniciativas de parlamentares no sentido de obter uma nova regulamentação,em especial às propostas já apresentada pela deputada estadual Ana Lucia (PT) e pelo senador Valadares (PSB);

· Cobrar posição pública das escolas de comunicação sobre a decisão do STF;

· Realização de ato público de protesto contra o ministro sergipano Carlos Ayres de Britto;

· Reforçar a ação nas redações de não divulgar matérias de assessores de imprensa que não sejam jornalistas formados.

· Divulgar no site do Sindijor as empresas de comunicação que estão contratando jornalistas sem formação como repórteres e editores;

· Sindicato deve encaminhar expediente aos poderes públicos, no sentido de que continuem exigindo o nível superior em jornalismo para os cargos de jornalista em concursos públicos;

· Como decisão final, a assembléia aprovou, por unanimidade, que o Sindijor não deve filiar jornalistas não diplomados, à exceção de repórteres fotográficos e cinematográficos, ilustradores e diagramadores, conforme o decreto-lei 972/69 ou por imposição de decisão judicial, até decisão final da Fenaj e/ou do Ministério do Trabalho e Emprego.

Fonte: Sindijor/SE

Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais