Julgamento de homicídio nas Malvinas é retomado

Julgamento reiniciou na manhã desta quarta-feira (Fotos: Portal Infonet)

Teve início nesta quarta-feira, 6, o novo julgamento sobre o assassinato do jovem Lucas Bruno de Oliveira Reis, 23, no dia 17 de abril de 2008 na Avenida Melício Machado. Como houve contradições durante o depoimento de uma das testemunhas, o julgamento desta manhhã foi suspenso e remarcado para o dia 29 de julho.

No depoimento, a mãe de Lucas Bruno contou que ele havia conquistado uma casa por meio dos avós na Atalaia e estava reformando e que para economizar, morava com ela no conjunto Santa Tereza. Foi quando comprou vergalhões para a construção a um dos acusados que furtou em seguida e que Lucas não se conformou e foi pedir de volta.

Máe de Lucas veste camisa com foto do filho 

“Ele recebeu a doação da casa dos avós e eu estava ajudando ele a reformar, foi quando um dos acusados, o Cabeça, roubou os vergalhões e meu filho foi tomar satisfação nas Malvinas, procurar William, que recebeu ele a tiros. Depois invadiram a casa que estava sendo reformada, atiraram no cachorro e quebraram tudo, a pia, o chuveiro, a porta, levando DVD, caixa de som e a bicicleta. Com essa invasão, ai que foi problema porque meu filho não se conformava. Eu dava conselhos para ele deixar pra lá, mas ele dizia que era homem e que não pegava nada de ninguém, queria as coisas dele. Pouco tempo depois, Lucas saiu da minha casa e em meia hora recebi a notícia que tinham matado ele”, relata Maria Verônica, no depoimento.

Entenda

Promotor Rogério Ferreira, antes do início do julgamento

O promotor Rogério Ferreira explicou que esse caso ocorreu no dia 17 de abril de 2008 por volta das 18h30, na Av. Melício Machado, na área chamada Invasão das Malvinas. Isso quando supostamente quatro pessoas teriam se organizado para matar uma quinta pessoa, o Lucas Bruno, em razão do comércio de uns vergalhões que o Lucas teria comprado a um desses quatro réus e posteriormente esses vergalhões teriam sido subtraídos de uma casa que a vítima estaria construindo.

“Por conta dessa aquisição e automaticamente pelo furto dos vergalhões, pois a pessoa que vendeu promoveu o próprio furto, começou um atrito entre a vítima e esse grupo de pessoas que também comercializavam entorpecentes nas Malvinas, se juntaram e efetuaram a morte de Lucas”, ressalta.

O promotor informou que o julgamento desse crime já foi realizado em 2012, um réu [Ivanildo Santana dos Santos, o Cabeça] nunca foi localizado e o processo em relação a ele encontra-se suspenso. “Três outros réus foram julgados aqui: o Gustavo Bispo, o Ricardo Medeiros e o William Lázaro. Esses acusados já estavam presos há pouco mais de três anos na data do julgamento e todos os três negavam a autoria do crime. Curiosamente, no dia do julgamento, William Lázaro de maneira até surpreendente assumiu integralmente a autoria do crime, excluindo os outros dois. Alegou até que estava acompanhado de duas pessoas, mas que não seriam os que vinham sendo acusados”, conta.

“Ajuste”

Antes de o réu ser interrogado em plenário, a mãe da vítima foi ouvida e disse que ele ia assumir o crime sozinho e liberar os outros dois. “E foi isso que ele fez, o que demonstra que foi feito algum tipo de ajuste ou ameaças entre os acusados. O que assumiu o crime não tinha nenhum antecedente criminal, foram condenados a dez anos e alguns meses, o Ministério Público recorreu, essa pena foi elevada para 15 anos, mas em razão da grande elasticidade das nossas leis, ele estava livre e acabou sendo morto nas proximidades do conjunto João Alves. Curiosamente esse inquérito policial veio para as minhas mãos e não restou outra via a não ser o arquivamento”, destaca.

Os outros dois, como o Ministério Público recorreu da decisão em 2012, serão novamente julgados porque o tribunal entendeu que a prova que foi apresentada pelos acusados não se confrontava minimamente com aquelas que foram construídas ao longo do processo. “E entendeu que a decisão dos jurados foi contrária à prova dos autos e por essa razão determinou que os réus fossem novamente julgados pelo Conselho de Sentença da 5ª Vara Criminal”, esclarece.

Um dos acusados, o Gustavo, hoje se encontra preso, segundo o promotor, condenado pelo crime de tráfico de drogas. “Se talvez lá atrás quando comandava o tráfico de drogas nas Malvinas, o Conselho de Sentença tivesse acertado mantendo ele preso, muitas pessoas teriam sido livradas de uma inserção no mundo das drogas. A expectativa agora é de corrigir um erro de dois anos atrás”, enfatiza Rogério Ferreira.

Justiça

“À época, eu procurei a imprensa, inclusive passei a ser ameaçada, fiz passeatas, fui pra emissoras de rádio. E agora estamos retomando, pra mim como mãe está sendo muito difícil acompanhar isso. Mas eu disse tudo o que aconteceu, falei de dentro de mim mesmo. Meu filho tão jovem, tão amoroso, nunca foi preso, era um menino dócil, deixou uma bênção pra eu criar, que é meu neto que na época tinha dois meses e agora está com sete anos. Lucas é uma criatura que está com Deus agora e eu vou esperar que a justiça seja feita”, afirma Maria Verônica ao Portal Infonet.

Por Aldaci de Souza

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