Mãe de Brenda Merielly diz nunca ter desistido da filha

Cátia Regina mostra toda a documentação referente ao problema de saúde da filha (Fotos: Portal Infonet)

“Nunca desisti da minha filha, lutei muito e não era desse jeito que queria trazer ela pra casa, no caixão. A dor é grande, mas aumenta ainda mais em estar sendo processada na Justiça como abandono de incapaz”. A afirmação seguida de soluços e lágrimas foi feita na manhã desta quarta-feira, 25 por Cátia Regina Barbosa, mãe de Brenda Merielly Barbosa Bittencour, 4 durante o velório da garotinha.

Brenda Merielly morreu nesta terça-feira, 24 na Unidade de Tratamento Intensivo Pedriática do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), após passar mais de dois anos internada [desde 27 de junho de 2012]. Ela era portadora de encefalopatia crônica grave e hidrocefalia. A mãe passou todo o tempo lutando para garantir melhores condições de saúde, o que conseguiu em alguns momentos graças a ação do Ministério Público Estadual (MPE) e principalmente à Defensoria Pública de Sergipe.

Brenda Merielly no início do tratamento

“Foram dois anos de luta pela saúde de minha filha e principalmente pela liberação de um home care [tratamento em domicílio] para que ela pudesse [já que os médicos haviam dito não haver mais nada a fazer], pelo menos permanecer com a família, ver os irmãos que não podiam entrar Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Sofri muito porque o hospital queria que minha filha ficasse na enfermaria, mas todo mundo sabia que ela não tinha condições e eu disse que não ia assinar a transferência. Minha filha fez cirurgia e chegou a pegar uma bactéria. Ela saiu do centro cirúrgico sem enxergar mais nada”, relata em meio a mais lágrimas.

“Pior mesmo é saber que além da dor pela perda da minha filha e de que toda a minha luta para aumentar o tempo de vida de Brenda foi em vão, é lembrar que estou sendo processada pelo Huse por abandono de incapaz, como se eu fosse uma desequilibrada. Como uma mãe desequilibrada tem toda a documentação guardada, todas as receitas médicas, todos os procedimentos? Eu comuniquei ao hospital que estava grávida e que teria que me afastar para a cirurgia do parto e ligadura das trompas”, completa acrescentando que durante dois anos visitou a filha todos os dias, tendo se ausentado somente no final da gestação e período do parto.

Defensoria

Menina se submeteu a cirurgia para a colocação de uma válvula

Quantidade de pessoas no velório demonstra que a menina era querida

A ajuda da Defensoria Pública chegou em agosto do ano passado por meio do Núcleo da Saúde, ao conseguiu uma home care para Brenda Merielly  por meio de uma liminar determinando que o Estado instalasse a UTI domiciliar em sua casa.  Mas a empresa responsável alegou não haver condições físicas para receber a aparelhagem. Foi quando a assessoria de Comunicação Social da Defensoria iniciou uma campanha junto à imprensa e o quarto da menina foi reformado.

"Recebi a triste notícia da morte dessa menininha, que deixou um exemplo de que não importa se é incapaz, se é portadora de hidrocefalia, mas que todos têm direito à vida! Se houve negligência, que Deus puna os verdadeiros culpados, porque infelizmente jamais iremos provar se Brenda foi para o céu no seu tempo ou se alguém antecipou a sua morte", disse emocionada a jornalista Débora Matos, assessora de imprensa da Defensoria Pública de Sergipe.

O Portal Infonet tentou por várias vezes ouvir a assessoria de Comunicação Social do Huse sobre o assunto, mas ninguém atendeu as ligações e continua a disposição do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), para quaisquer esclarecimentos por meio do telefone 2106 8000 ou do e-mail jornalismo@infonet.com.br

Por Aldaci de Souza

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