Mancha assusta ribeirinhos e ambientalistas (Foto: assessoria parlamentar) |
Uma mancha escura apareceu no Rio São Francisco e está visível entre os territórios sergipano e alagoano. O fenômeno já está sendo analisado por especialistas e o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco defende o aumento da vazão como alternativa para dissipar a mancha escura. A Companhia Hidrográfica do São Francisco (Chesf) não concorda com esta alternativa e o deputado federal Jony Marcos (PRB) quer que a Companhia preste esclarecimento à Comissão Externa da Transposição Rio São Francisco da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Em reunião realizada na terça-feira, 14, o Comitê de Bacia detectou que a mancha escura provocou a suspensão de captação de água entre os municípios de Delmiro Gouveia e Olho D´Água do Casado. O presidente da Companhia de Abastecimento de Alagoas (Casal), Clécio Falcão, criticou a Chesf por não dialogar antes da abertura do reservatório Apolônio Sales, em Paulo Afonso no Estado da Bahia. “O rio São Francisco vem sofrendo gravemente com essa redução da defluência”, declarou Falcão durante a reunião.
Reunião do Comitê: aumento da vazão (Foto: assessoria do Comitê de Bacia) |
O abastecimento de água para as comunidades ribeirinhas é a principal preocupação do Comitê de Bacia, segundo declarou Maciel Oliveira, secretário do colegiado, que atua com a finalidade de realizar a gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos da bacia, na perspectiva de proteger os mananciais e contribuir para o desenvolvimento sustentável.
Mas a Chesf se exime de qualquer responsabilidade. Segundo o engenheiro eletricista Mozart Bandeira Arnaud, diretor de operação da Companhia Hidrelétrica, informou que especialistas já estão estudando o fenômeno. O diretor da Chesf esclarece que o fenômeno é provocado pela presença de uma microalga não tóxica [identificada como ceratium furcoides], que tem se proliferado por “condições ambientais de nutrientes e temperatura”. “Não há uma razão única que justifique o que está acontecendo”, ressaltou o diretor da Chesf.
Ele explicou que a microalga foi detectada em outras ocasiões em locais distintos, sem ter relação com as atividades da Chesf. “Não há correlação do trabalho da Chesf com esta microalga, não há descarregamento de fungos, não há nada”, ressaltou. “Estamos vivendo uma das piores crises hídricas e estamos fazendo alterações no sistema autorizadas pelo Ibama e pela Ana, essencialmente hídricas, buscando preservar a água e, se aumentar a vazão, a água existente nos reservatórios vai acabar”, explicou.
Jony Marcos pede explicações da Chesf |
Apesar da crise hídrica, o diretor de operações da Chesf descarta a possibilidade de racionamento de energia elétrica, mas alerta que Sobradinho teria secado há cerca de um mês se a Chesf não tivesse feito as manobras na vazão.
Por Cássia Santana
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