A professora Cristiane Santana esperou a estabilidade financeira para depois ter filhos. Hoje, aos 34 anos, ela é mãe de primeira viagem do pequeno João Vítor de pouco mais de um ano. A jornalista Déa Jacobina só conheceu a maternidade aos 40 de idade. As duas se encaixam num perfil cada vez mais comum: as mulheres que esperam para ter a prole numa idade mais madura.
Segundo o professor pós-graduado em Sociologia, Gilton Kennedy, as mulheres que são mães pela primeira vez após os 30 fazem parte de um determinado grupo social. Geralmente, são de classe média ou média-alta, têm claros os objetivos profissionais e deixam a maternidade como segundo plano. “Elas têm consciência de que gostariam de dar uma melhor vida para seus filhos, então, procuram se estabelecer economicamente antes”, explica. Cristiane Santana e João Vítor
Dados do censo do IBGE de 2000 comprovam o que relata o professor. De acordo com a pesquisa, as mães mais maduras têm maior nível de escolaridade – 59,1% têm oito ou mais anos de estudo – e são de um nível de maior poder aquisitivo. O IBGE também informa que 58% dessas mulheres se declararam brancas e que cerca de 60% são economicamente ativas. Em compensação, os dados revelam que as mães adolescentes pertencem a um grupo de menor escolaridade e renda.
Nova família
Kennedy indica que, em muitos casos, as famílias de mães mais maduras não apresentam a formação clássica, com pai e mãe morando junto dos filhos. O mais comum é que ocorra a chamada “produção independente”, termo muito em voga nos anos oitenta para designar a opção de mães que criam os filhos sem dependência dos pais ou família. Déa e Gabriel: produção independente
Quem nos mostra um bom exemplo dessa nova categoria familiar é Déa Jacobina. Ela define o relacionamento que teve com o pai do pequeno Gabriel, que hoje tem 5 anos, como um “namoro de verão”. Ela conta que ainda hoje são bons amigos e que o filho tem uma boa relação com o pai. “Quem de fato educa, define a alimentação e tudo mais sou eu. Gabriel conta com o carinho do pai, mas o filho é meu”, enfatiza.
As estatísticas apontam que nesta década, em comparação com os anos 90, os domicílios chefiados por mulheres aumentaram quase 37%, passando de 18% para 24,9% dos lares do país.
Vantagens
Possibilidade de oferecer uma educação mais adequada, melhores condições de saúde e moradia. Essas são algumas das benesses que a estabilidade financeira e emocional de uma mulher mais madura pode oferecer para uma criança. Gilton Kennedy pondera que a capacidade de melhor criar os filhos varia de indivíduo para indivíduo, mas no geral as mães de idade mais avançada, por terem o intelecto mais desenvolvido, se fazem mais presentes na vida das crianças. Gilton Kennedy
Cristiane conta que gostaria de ter filho mais cedo, mas diz que financeiramente isso não era possível. “Acho que tudo veio na hora certa”, reconhece. Ela diz que a idade madura ajudou inclusive na gestação, oferecendo a maior tranqüilidade que o estado interessante precisa.
Déa, durante os anos 80, estava muito envolvida no turbilhão do ativismo político da época. Ela afirma que não se sente uma mulher frustrada, já que viveu o que gostaria de ter vivido na juventude. Mas no momento, tem a estabilidade suficiente para poder estar presente e ser a “mãe gata que lambe sua cria”, como ela própria define.
Por Zeca Oliveira e Raquel Almeida
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