Não é somente a Associação dos Magistrados de Sergipe – Amase – que se colocou, publicamente, contra a paralisação dos juízes, definida na tarde de ontem, em Brasília. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, também não concorda com o movimento. “Esta é uma posição que defendo como escritor jurídico, como alguém que já pesquisa este assunto há muito tempo”, explicou. Para Ayres Britto, a natureza da função do juiz impede que ele participe de uma greve. “O juiz é maus de que um servidor administrativo. Ele é um agente político. É a face visível do poder público. E o poder não pode tirar seu time de campo, porque não pode sofrer paralisia, porque quanto este deixa de existir, sobrevêm o caos”, analisa. “Seria como o presidente da República entrasse em greve. Isto atenta contra a natureza das coisas. É uma situação de perplexidade”, compara. Os juízes definiram em uma reunião, da qual participou o presidente da Amase, o juiz Sérgio Lucas, que definiu que a paralisação deve acontecer de 5 a 12 de agosto. Na votação, 206 representantes votaram a favor da greve, enquanto 74 foram contrários. A Associação dos Magistrados Brasileiros avalia que cerca de 13 mil juízes deverão aderir ao movimento de paralisação. A AMB também justifica que os juízes não gostariam de fazer essa paralisação, mas estão sendo forçados porque o relatório da reforma previdenciária não atende pontos fundamentais como paridade e integralidade para os futuros juízes e estabelecimento de subteto equivalente a 90% dos salários ministros do supremo.