O convívio com poeira, situação precária, lama e sem o mínimo de saneamento básico tirou a paciência dos moradores da rua Rosa Azul, no loteamento Ponta da Asa, no Santa Maria. Revoltados, montaram uma espécie de barricada com móveis e utensílios velhos, impedindo o acesso de veículos à localidade. A situação já dura cinco dias e, segundo os moradores, o poder público ainda não se apresentou para dialogar.
O ato começou na segunda-feira, 13, e promete se estender ainda mais. A rua na qual eles vivem é cenário de uma difícil realidade: esgoto a céu aberto, acúmulo de areia por toda a sua extensão e prejuízos materiais e de saúde para quem mora ali.
Os relatos são de crianças ficando doentes, estabelecimentos comerciais fechando e de muita insatisfação. “O neto de uma das senhoras daqui fez uma cirurgia e o quadro dele ficou ruim. Nos revoltamos para ver se os órgãos públicos fazem alguma coisa, se resolvem nosso problema. Precisamos que venha alguém. No verão, é essa poeira. Quando chove, fica um lamaçal enorme e as crianças nem conseguem ir à escola, porque se sujam todos. Queremos solução urgente, a situação aqui foi sempre assim”, reclamou José Cláudio Santos.
Veraci Pereira vive na rua Rosa Azul há 18 anos e garante: a situação é mesma há quase duas décadas. “Não tratam a gente como pessoa. Venho lutando desde sempre, chamamos a imprensa, mas os prefeitos e vereadores não nos dão solução. Enquanto ninguém vier, vamos manter a rua fechada. Minha filha de quatro anos desenvolveu rinite alérgica, agora preciso evitar a poeira. Mas como? Já dorme respirando só poeira. Tem 18 anos que espero”, lamentou.
A comerciante Clivaneide dos Santos teve seu trabalho interrompido por causa das péssimas condições em que vivem. Agora, está sem renda e faz um apelo. “Vendo lanches aqui na minha barraca. Fechei meu comércio por causa da poeira. Fiz o curso de microempreendedor da Fundat, tenho o certificado e não posso trabalhar. Não podemos colocar nada em nossa mesa, por causa da poeira. Peço que olhem por nós”.
Entidade de apoio prejudicada
Com o fechamento da rua, o Centro de Integração Raio de Sol (Ciras), instituição que atende pessoas com deficiência física e intelectual, está sem poder receber seus assistidos. São cerca de 600 pessoas por dia sem atendimento, e os coordenadores pedem participação da Prefeitura de Aracaju para resolver o problema. “É bastante complicado. Prestamos um serviço essencial à comunidade. Entendemos o lado dos moradores, essa questão de asfaltar a rua é também uma preocupação nossa. Na chuva, muita lama; na estiagem, essa poeira. Ainda assim, é preciso entender também o lado das pessoas com deficiência. Vem dois ônibus de Nossa Senhora do Socorro, um de Maruim, e fora das outras cidades, que vem em carros pequenos. Precisam ser atendidos”, pediu Mônica Menezes, coordenadora.
Emurb
A Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb) se manifestou por meio de nota. “A Prefeitura de Aracaju está licitando o projeto de implantação da infraestrutura nas avenidas Alexandre Alcino e Eucaliptos, no entorno do local. Ainda não há previsão de implantação de infraestrutura na Rua Rosa Azul, mas a PMA está tentando viabilizar os recursos para as obras. Para melhorar o acesso no local, a Emurb fez terraplenagem na via na última sexta-feira, com o objetivo de minimizar os problemas”.
Por Victor Siqueira
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