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Moradores transformam palco de show em camas (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet) |
Moradores de rua vindos de outros Estados estão transformando uma parte da orla de Atalaia em moradia. Durante o dia, eles trabalham lavando carros e realizando bicos diversos em vários pontos da cidade e, à noite, transformam o espaço que seria destinado ao lazer em dormitório. A área comumente ocupada pelos moradores de rua está situada em local privilegiado, em frente ao mar, por trás da Delegacia de Turismo e em frente ao prédio onde funcionou a galeria Ana Maria, cujo espaço foi inaugurado em 2006 e abandonado um ano depois.
Eles não sabem quantos pernoitam no espaço, mas acreditam que pelos menos seis moradores de rua usam a área onde está instalado um palco para shows como camas. Alguns se identificam, mas outros divulgam apenas o apelido. O senhor Campos Paraibano é um destes exemplos. Ele se declara antigo morador de rua e garante que já percorreu alguns países da América do Sul e está em Aracaju desde o mês de agosto do ano passado, ocupando aquele espaço da orla. “Aqui trabalho com reciclagem e faço muito bico como eletricista e tudo mais. Dá pra fazer de R$ 40 a R$ 140 por dia”, conta, exibindo as ferramentas.
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Campos Paraíba: do mundo para a Atalaia |
As ferramentas são transportadas em um carrinho de supermercado, que também é usado para fazer o café da manhã e outros lanches. Na própria orla, eles se unem, buscam água nos bares próximos, conseguem adquirir alimentos e ali mesmo preparam as refeições, em um fogão improvisado, que funciona dentro do próprio carrinho de supermercado.
O baiano João Paulo Lins Lustosa também divide o espaço, lamenta dizendo que o morador de rua ainda é marginalizado. “As pessoas discriminam morador de rua pensando que somos marginais, mas não é assim. Aqui tem muita gente boa”, diz. O lavador de carro Valdemir Batista atua no centro da cidade, mas a noite se desloca para a orla para dormir. “Aqui é sossegado. No centro não dá pra dormir porque tem muito zumbi vagando”, comenta.
Desinformação
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Galeria Ana Maria é transformada em banheiro público |
A orla é administrada pelo Governo do Estado. Mas os órgãos que a administram não parecem sintonizados. O administrador da orla Elder Gonçalves, função vinculada à Secretaria de Estado de Infraestrura (Seinfra), diz que o setor é destinado à limpeza e que a ocupação do espaço seria controlada pela Secretaria de Estado de Turismo (Setur). “Já passamos a informação que o pessoal está se instalando naquele local”, esquiva-se o administrador.
Ao contrário do que informou o administrador da orla, o secretário Elber Batalha Filho, da Setur, negou conhecimento da presença de moradores de rua naquele espaço. O secretário disse que só tomou conhecimento a partir do contato com a reportagem do Portal Infonet.
No entanto, reconheceu que, embora haja ação da Setur para retirá-los, os moradores de rua sempre estão retornando. “Eles ocupam, a gente retira e eles voltam”, diz o secretário. “E agora serão novamente retirados”, garante. Para o secretário, o local é um grande atrativo para aquelas pessoas devido à grande concentração de turistas. “Tornou-se um dos pontos mais lucrativos da cidade e é por isso que há muita concentração de vendedores ambulantes e moradores de rua”, justifica.
Galeria
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Valdemi: "no centro tem muito zumbi vagando" |
A Galeria Ana Maria inaugurada em 2006 estava sendo reformada para abrigar um Centro Cultural e se transformar em sede da Secretaria de Estado de Turismo, segundo informou o secretário Elber Batalha Filho. No entanto, segundo o secretário, as obras foram interrompidas quando surgiram os resultados de investigação a respeito de suposto esquema de desvio de recursos público no Ministério do Turismo.
Na época, segundo Batalha Filho, convênios entre o Ministério do Turismo e os Estados foram suspensos. O secretário explica que, com a medida, ocorreu atraso no pagamento das obras de revitalização do prédio que seria transformado em Centro Cultural e sede da Setur e a empresa contratada acabou abandonando a obra. “Tentamos contratar a segunda empresa vencedora da licitação, mas ela se recusou a concluir a obra pelo preço que concorreu e acabou que o convênio foi cancelado”, explica Batalha Filho.
O secretário informou que já está adotando medidas para viabilizar um novo convênio com o Governo Federal para dar continuidade à obra.
Por Cássia Santana
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