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Moradores fecharam a avenida por |
Um grupo de moradores do Loteamento São Francisco, no conjunto Fernando Collor, bloqueou no início da tarde desta segunda-feira, 2, parte da Avenida Coletora em protesto contra os constantes alagamentos na Rua João Edson. Três pessoas foram presas quando equipes da Polícia Civil e da Rádio Patrulha foram chamadas para conter a manifestação. A atuação dos policiais foi duramente criticada pelos populares, que afirmam terem sido dispersados com spray de pimenta.
As chuvas do último final de semana foram o estopim para a revolta da população. Na madrugada de sábado, 30, as famílias acordaram com água na altura do joelho e alegam terem perdido móveis e eletrodomésticos. Isto porque a rua não é calçada e as casas não contam com sistema de esgoto, uma situação que se arrasta há vários anos. Os moradores aguardam há pelo menos três anos o cumprimento de uma promessa do prefeito Fábio Henrique (PDT) de que a rua seria calçada. No entanto, até hoje nada foi feito.
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Chuvas alagaram a rua no último final de semana, segundo relatos |
“Estamos cansados. A situação aqui é terrível. Perdemos móveis, estamos com crianças doentes e ninguém faz nada”, reclamou a auxiliar de consultório Fabiana Santos Souza. Ela disse que na casa dela a situação foi ainda pior, pois acordou no sábado com água pela cintura. “Queremos que tomem uma providência logo, porque só nos fazem promessa”, acrescentou.
A doméstica Renata Soares disse que a filha de dois anos está com as pernas cheias de feridas e tem febre desde o sábado. “Tudo isso por causa da água, que quando enche se mistura com o esgoto e aí vem rato, caramujos, cobras e fezes. Todo ano a gente perde o pouco que tem por causa desse descaso. Acordei às 2h de sábado com água pelo joelho”, disse.
A tese da água na cintura é comprovada ao olhar para algumas casas cujas famílias construíram na porta uma barreira de cerca de 50 centímetros de altura para impedir a entrada de água da chuva. No sábado, no entanto, o paliativo não funcionou e eles tiveram que cavar uma valeta para a água escoar.
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Em algumas casas há barreira para a água não entrar |
O canal improvisado fica na frente da casa de Maria de Fátima da Silva – onde também passa uma tubulação de gás. Ela relatou que há três semanas uma equipe de engenheiros esteve na área para analisar a situação e o aviso era de que as obras começariam ainda nesta segunda. “O prefeito fez a promessa, em nome de toda a comunidade, de que essa seria a primeira rua a ser calçada, mas já perdemos a esperança pois no ano que vem tem eleição e nada será feito”, lamentou.
Truculência
A atuação dos policiais chamados para conter a manifestação também provocou a ira dos moradores. Eles haviam bloqueado a pista com pedras e pedaços de madeira em chamas. Segundo eles, além da prisão indevida de três
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Fátima mostra a valeta cavada para escoamento da água |
moradores os policiais foram truculentos chegando até mesmo a ameaçar uma gestante. Alguns moradores disseram que a Polícia usou spray de pimenta. Depois que os oficiais foram embora as famílias fecharam novamente a pista nos dois sentidos, mas nesta segunda vez, quando a imprensa estava no local, os policiais foram mais pacíficos.
“Prenderam um pai de família só porque ele foi explicar o que era a manifestação. Ninguém partiu pra cima dos policiais, mas eles já chegaram aqui fortemente armados, nos chamando de palhaço e disseram que se a gente continuasse todos iam ser presos”, acusou Tailane dos Santos, grávida de oito meses. Os três homens presos foram identificados apenas como ‘Jorge’, ‘Quenem’ e ‘Beto’ – este sofreu derrame recentemente e tem dificuldades para se locomover, segundo os populares. Quem estava no local disse, ainda, que os três foram agredidos com tapas e puxados pelo colarinho da camisa para entrar nas viaturas.
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Tailane disse que foi quase agredida pelos policiais que foram ao local |
Tailane disse que também foi agredida. “Eles foram ignorantes. Bateram nos que foram presos e quando começamos a reclamar eles retiraram o nome da farda. Quando fui pedir que soltassem os três um deles me disse que gravidez não era nada e que eu deveria estar em casa. Só faltou me bater”, reclamou. “Estamos protestando para melhorar nossa vida. Só nós sabemos o que é ficar a madrugada toda acordados, arrastando móveis para não perder e ainda ser tratados como bandidos”, lamentou.
Obras
O secretário de Obras de Nossa Senhora do Socorro, Eziel Felipe de Oliveira, esteve no local para conversar com as famílias e disse que nesta terça-feira, 3, uma equipe vai ao local avaliar quais seriam os paliativos necessários para evitar novos alagamentos caso chova nos próximos dias. “A previsão é de que assim que acabar o inverno as obras comecem. O problema é a drenagem. A casa de uma moradora [Maria de Fátima, citada acima] está por cima e vamos ver qual a melhor maneira: se indenizamos a moradora ou se desviamos a drenagem”, explicou.
Enquanto era entrevistado ele ligou para uma pessoa que afirmou ser o prefeito Fábio Henrique e disse que os três moradores presos durante a manifestação serão liberados ainda nesta tarde.
O responsável pelo policiamento do 5º Batalhão de Polícia Comunitária (BPCom), o subtenente Almir, negou que houve truculência por parte dos policiais. Ele confirmou que os três foram presos e que neste momento estão na delegacia da área prestando esclarecimentos. Almir disse que os três foram “convidados a ir à delegacia” porque estavam incitando os demais moradores e bloqueando a pista com pneus, pedras, madeira e ateando fogo.
“Fomos chamados três vezes ao local e em todas nós negociamos. Reconhecemos o direito deles de manifestar, mas alertamos que eles não poderiam prejudicar a maioria. Não houve excesso, não houve nenhum tipo de força e também não jogamos spray de pimenta”, explicou Almir.
Por Diógenes de Souza
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