Morte de delegado: família continua cobrando imagens de condomínio

Momento da reconstituição do crime realizada pela Polícia Civil (Foto: Arquivo Portal Infonet)

Passados mais de dois anos do assassinato do delegado de polícia civil Ademir Melo, mas o acusado pelo crime Anderson Santos Souza ainda não foi a julgamento e continua preso. O inquérito policial concluído pelo indiciamento do acusado aponta para o crime de latrocínio [matar para roubar], mas a família da vítima não está satisfeita com os desdobramentos das investigações desencadeadas pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) e há divergência de interpretação entre o que pensa a viúva do delegado, Caroline Leão, que acompanha o entendimento da Polícia Civil, e irmãos da vítima, que acredita em crime de mando. O delegado foi atingido por tiros na noite do dia 18 de julho de 2016 no bairro Luzia, em Aracaju.

Na última terça-feira última, 16, o juiz Alício de Oliveira Rocha Júnior, da 5ª Vara Criminal, deu sequência à audiência de instrução e julgamento para ouvir as testemunhas arroladas no processo. Algumas foram ouvidas e outras deverão ser ouvidas no mês de dezembro deste ano.

A assistente social Luciana Campos de Melo, irmã do delegado, esteve na audiência e não escondeu a insatisfação com a investigação, destacando inclusive o ponto de vista do promotor Rogério Ferreira que já apontou inconsistências nas investigações, observando que o inquérito teria sido enviado incompleto à justiça. A assistente social, por sua vez, continua cobrando à Polícia Civil o envio de supostas imagens que teriam sido captadas por câmeras de segurança instaladas em um condomínio nas proximidades do local onde o delegado foi assassinado e que não estariam no processo judicial. Segundo Luciana Melo, estas imagens são fundamentais para desvendar o mistério que ainda ronda este crime e garante que a administração do condomínio as enviou à Polícia Civil, mas estas imagens não teriam sido anexadas aos autos.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Segurança Pública informou que o inquérito policial, instaurado para investigar o crime, foi concluído há quase dois anos e que todas as peças colhidas durante a investigação foram encaminhadas para o Poder Judiciário, anexadas ao inquérito. Segundo a assessoria, a SSP “não tem mais nada a declarar” sobre este caso e não dúvida que se trata de latrocínio.

Por este crime, o réu Anderson Santos Souza, acusado pelo disparo da arma de fogo que atingiu o delegado, continua preso. Na audiência de instrução realizada na terça-feira, o advogado Josefhe Pereira Barreto, que atua na defesa do réu, solicitou a interferência da OAB de Sergipe e da Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) para acompanhar o processo, alegando que teria ocorrido intimidação da viúva do delegado, que é membro do Ministério Público Estadual, nas audiências anteriores.

Pedido negado

O juiz Alício Júnior não acatou os argumentos do advogado e indeferiu o pedido, observando que “não vê fato que impeça o exercício regular da defesa do réu” e que “os fatos alegados [pelo advogado de defesa] não conta com o mínimo de lastro probatório nos presentes autos, com aptidão para ensejar a intervenção judicial para instar a Ordem dos Advogados e a Procuradoria Geral de Justiça”. O juiz também se manifesta, no requerimento, alertando que o pleito do advogado “tem fundamento dissociado dos fatos em apuração nestes autos”. Mas reconhece que nada impede que o próprio advogado faça a solicitação direta à OAB e à Procuradoria Geral de Justiça.

O advogado Alonso Campos Filho, que atua na condição de assistente de acusação em defesa dos interesses da viúva do delegado, diverge da opinião da irmã do delegado. Para Alonso Campos, não resta dúvida que se trata de latrocínio, apesar da divergência do Ministério Público Estadual. “A família dele fala em crime de mando. Mas nos autos, nem de longe se fala nisso”, diz. “O Ministério Público fala em homicídio, mas não colocou qualificadora própria”, destacou.

Por Cassia Santana

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