O Movimento dos Sem Terra reuniu na manhã dessa sexta-feira, 25, representantes de todos os acampamentos do Estado para marchar em comemoração ao dia do trabalhador rural. A concentração foi no trevo da saída de Aracaju, próximo à BR-101, seguindo para o centro da capital sergipana. A marcha, que se repete em todos os Estados do Brasil, tem como principais temas a descriminalização dos movimentos sociais e o avanço nas desapropriações. Segundo os organizadores, Marcha reuniu 10 mil trabalhadores
Em Sergipe existem 150 acampamentos, e mais de 12 mil famílias estão cadastradas como sem-terra no Incra. “Nós tivemos alguns avanços no início do ano, com desapropriação de terras. Mas as metas do governo estadual ainda não foram cumpridas”, lembra Gislene Reis, membro da direção do MST. Em março desse ano o Governo Estadual financiou 13 lotes de terra para 250 famílias do movimento.
João Daniel, também membro da direção do MST, afirma que para acelerar o processo de desapropriação, as entidades públicas devem investir em recursos humanos. “É claro que enfrentamos problemas no Judiciário. Mas achamos que é preciso que o Estado aumente os recursos humanos envolvidos nos processos de desapropriação”, afirma. João Daniel, membro da direção do MST
Produção de Alimentos
A Secretária de Estado da Inclusão, Assistência e Desenvolvimento Social, Ana Lúcia Menezes, esteve presente na marcha, e acredita que até o fim do governo Déda, as metas sejam cumpridas. “A meta de assentar 1.200 famílias irá ajudar a mudar o perfil do Alto Sertão Sergipano. A desapropriação não é só distribuir terra, é dar condições para o trabalhador produzir, e há uma política estadual de incentivo à produção de alimentos”, disse a secretária.
No assentamento Caraíbas, em Japaratuba, 2 mil hectares de terras foram desapropriados, abrigando 115 famílias. “Nós temos união, e temos a necessidade de conseguir nossos objetivos. Queremos reivindicar os direitos e denunciar os crimes que acontecem no interior. Os desmatamentos, o agronegócio tomando conta das terras. Acreditamos na nossa força”, disse Félix Urgino, membro do acampamento. A secretária Ana Lúcia acredita que a meta estadual será cumprida
Descriminalização
Outro ponto da chamada ‘bandeira de luta’ do movimento que foi trabalhado pela marcha foi a descriminalização dos movimentos sociais por parte de empresários. Segundo informações da direção do movimento, atualmente a Vale está processando judicialmente dirigentes do MST no Pará. No Rio Grande do Sul, trabalhadores rurais
também estão sendo processados por latifundiários e empresários.
Apoio
O presidente da Central Única dos Trabalhadores, Antônio Góis, esteve presente na marcha para demonstrar o apoio às causas dos trabalhadores rurais. “O fato de virem fazer a manifestação na cidade também complementa a luta pela reforma urbana. Acho que é uma manifestação que mostra uma data histórica para os trabalhadores”, disse Góis.
Por Ben-Hur Correia