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Sem Terra lutam pela reforma agrária (Fotos: Portal Infonet) |
Preparar a terra para o plantio, escolher sementes, trabalhar com a irrigação, abastecer o mercado com produtos selecionados, viver e sobreviver do campo. Aos 52 anos, Maria Helenildes dos Santos carrega a vontade de ser proprietária de um pequeno lote de terra. Há cinco anos, Helenildes resolveu vestir a camisa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e lutar pela reforma agrária.
“As pessoas têm uma visão errada da gente. Criticam o fato de nós estarmos querendo um pedaço de terra, mas as pessoas não sabem que a nossa vida não é nada fácil. Nos acampamentos não tem nenhum conforto, às vezes falta até alimentação. Temos que nos ajudar, mas sabemos que essa é a única forma de pressionar o governo para a reforma agrária”, relata.
Com 53 anos, Iraci Maria da Silva mora em um acampamento há um ano e meio. “As dificuldades são muitas, mas a gente tem que resistir porque é a única forma de conseguir uma terra para plantar”, observa.
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Maria Helenildes luta pela posse da terra |
A equipe do Portal Infonet esteve em um dos acampamentos do MST e constatou que homens, mulheres, crianças e idosos residem embaixo de lonas, expostos a condições insalubres, sem acesso a água filtrada ou mesmo banheiro. “Quando alguém fica doente aqui temos a dificuldade de pegar um transporte porque estamos na beira da pista, mas ninguém quer ajudar”, fala Iraci.
Procurado pela equipe do Portal Infonet, o dirigente estadual do MST, José Roberto da Silva, faz duras críticas à política de governo que não está voltada para o pequeno agricultor e afirma que a reforma agrária é possível em Sergipe.
“O governo não tem interesse na reforma agrária. Nas últimas reuniões que tivemos sobre a situação das famílias do acampamento São João em Japaratuba, muitas das coisas que foram acordadas não foram cumpridas. Após a manifestação que ocorreu no último dia 12, ficou acertado o envio de 500 cestas básicas, mas só enviaram 280. É impressionante como eles não cumprem o que prometem”, diz José Roberto.
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Pequenos agricultores lutam pela reforma |
O dirigente estadual do MST lembra que somente no norte do Estado existem 500 famílias que precisam de uma definição quanto à desapropriação de terras. “Do município de Japaratuba até Pacatuba, aquela região norte do Estado, existem mais de 500 famílias que estão acampadas. Estamos aguardando uma posição por parte do governo. Na última reunião que tivemos com os representantes do governo ficou bem claro para nós que não existe projeto para as famílias que estão no norte do Estado. Os investimentos estão voltados para a produção de cana e leite. A pequena agricultura e a reforma agrária não é prioridade”, lamenta.
José Roberto enfatiza ainda que a falta de uma política voltada para o pequeno agricultor condena as famílias à pobreza. “A monocultura da cana emprega pouca gente, na pecuária a mão de obra também é mínima, mas o governo insiste em investir milhões, condenando os pequenos agricultores à pobreza”, observa o dirigente, que fala sobre as consequências da falta de investimento nos agricultores.
“A miséria no campo tem como consequência a violência. A raiz do aumento da violência no campo tem a ver com a falta de emprego e renda para as famílias. Quantas pessoas saíram do campo para morar nas cidades”, ressalta.
A equipe do Portal Infonet entrou em contato com o secretário de Estado da Agricultura, Macêdo Sobral, que explicou que o governo tem mantido diálogo com os movimentos. De acordo com o secretário muitas terras estão em processo de desapropriação e outras já foram entregues a famílias sem terra.
Parceria
De acordo com a assessoria de comunicação do governo, somente no ano passado, a parceria entre o Instituto Nacional de Reforma Agrária (INCRA) e a Secretaria da Agricultura deu grande impulso às ações de Reforma Agrária no Alto Sertão Sergipano, território com a mais alta concentração de acampamentos e assentamentos de agricultores sem terra.
A iniciativa do governo, segundo a assessoria, redundou na aquisição de aproximadamente 28 mil hectares, correspondente a 89 mil tarefas sergipanas, representando comparativamente à soma das áreas dos municípios de Aracaju e Barra dos Coqueiros, beneficiando já 1.200 famílias.
A iniciativa, conforme destacado pela assessoria, já está possibilitando às famílias assentadas o plantio de milho, feijão, criação de animais e o acesso aos créditos oficiais da reforma agrária, incrementando desta forma, renda familiar. A assessoria analisa que, em razão do sucesso do trabalho pioneiro do Governo do Estado com a efetivação de uma Reforma Agrária sem conflito, está sendo viabilizada a expansão dos recursos do INCRA em mais setenta milhões de reais, a serem destinados na aquisição de mais de 40 mil hectares de terras, promovendo o assentamento de mais 1.400 famílias no Alto Sertão e em outros territórios do Estado.
Por Kátia Susanna
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