Mudança de sede da fábrica gera insegurança

De acordo com Gizeldo Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Têxtil de Sergipe (Sinditêxtil), mais de 800 trabalhadores sergipanos podem perder o emprego ainda este ano. Isto porque a Intergrifes, que possui duas unidades de produção em Aracaju, mudará uma delas para a cidade de São Cristóvão até o início de 2010.

A informação passada pelo sindicalista, após reuniões com direção da empresa, é que a produção deste ano acabará em 21 de dezembro. A partir desta data, os funcionários terão direito a férias coletivas de um mês, enquanto todo o maquinário será transferido. “Eles aumentaram a carga horária, obrigando os empregados a trabalharem uma hora a mais para cumprir todos os pedidos e, ao invés de pagar em dinheiro, compensarão com essa folga”, denuncia Gizeldo.

Apesar de a empresa não confirmar as demissões, Gizeldo diz que a Intergrifes já estaria treinando pessoas daquela cidade para trabalhar nas novas instalações. “Será bem mais cômodo para eles diminuir custos de transporte, por exemplo. A gente já sabe como os patrões agem. Muitos funcionários trabalham lá mais de quinze anos, alguns já desenvolveram problemas de saúde decorrentes da atividade profissional”, ressalta.

Empresa nega demissões e diz que poderá contratar mais 120 pessoas

“Queremos alertar para essa situação. Só este ano é a terceira empresa que fecha as portas em Aracaju. Todos os empregados estão apreensivos. Daqui a pouco não teremos mais indústrias em Aracaju”, lamenta. Gizeldo diz que pedirá apoio na Câmara de Vereadores do Município. Ele também disse que tentará uma reunião com o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (Sedetec), na busca por uma possível solução para o problema.

Empresa nega demissões 

De acordo com a gerente de produção da Intergrifes, Francisca Pereira de Olinda – conhecida como ‘Sales’ – não há interesse da empresa em demitir funcionários por conta da mudança. A transferência de endereço ocorrerá apenas com a unidade sediada na BR-235, cujo aluguel do prédio não será renovado a pedido do proprietário do imóvel.

Francisca diz que aumento da jornada foi aceito por 99% os trabalhadores
“Além da Intergrifes, apenas mais duas Empresas de Pequeno Porte (EPP), sediadas aqui é que podem mudar. Mas isso ainda está em negociação. O interesse é que todos os funcionários (116 de cada EPP e 170 da Intergrifes) sejam levados para lá, a não ser que eles não queiram”, conta. Ainda segundo a gerente, com a mudança, há a perspectiva de serem gerados mais 120 empregos, cujas vagas serão preenchidas pela população local.

“Não vai mudar nada para os funcionários. Nem mesmo o transporte. Os ônibus só terão outro destino, nem o ponto onde o trabalhador vai pegar a condução vai mudar. Tem muita gente com mais de quinze anos trabalhando aqui, não tem porque dispensá-los”, destaca.

Francisca também nega que houve pressão para que os funcionários trabalhassem na ampliação da jornada neste fim de ano. “Conversamos com os trabalhadores e a adesão, em meio a 800 empregados, foi de quase 99%. Essa hora a mais será compensada com uma semana de folga, que vai de 21 a 24/12. Depois disso daremos férias coletivas, mas não para transferir os equipamentos somente, porque isso poderíamos fazer a qualquer momento”, ressalta.

Por Diógenes de Souza e Raquel Almeida

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