“Musicalidade”, por Rubens Lisboa

L A N Ç A M E N T O

 

Cantora: CRIS BRAUN

CD: “ATEMPORAL”

Gravadora: PSICOTRÔNICA

 

A gaúcha Cris Braun só começou a levar a sério a arte da música em sua vida quando se mudou para Maceió e iniciou os estudos de violão, sendo aconselhada por seu professor a cantar. Depois de fazer parte da banda Sex Beatles, partiu, em 1997, para a carreira solo, ao assinar contrato com o selo Fullgás, à época capitaneado por Marina Lima, e filiado à gravadora PolyGram, lançando o seu primeiro CD sugestivamente intitulado de “Cuidado com Pessoas como Eu”, chegando a emplacar a faixa-título na trilha sonora da novelinha “Malhação” e a alcançar as paradas de sucesso com a sua releitura drum’n’bass da canção “Brigas”, parceira de Evaldo Gouveia e Jair Amorim.

 

Também boa compositora, Cris, que é co-autora de hits do repertório da banda Kid Abelha (“Como É Que Eu Vou Embora?”) e de Belô Velloso (“Menos Carnaval”), está colocando na praça o seu segundo CD que recebeu o título de “Atemporal” e é um lançamento da pequena gravadora Psicotrônica. O trabalho se faz composto por nove faixas, sete delas de autoria da própria Cris, algumas com parceiros. Destas, as melhores são: “Tudo Pode” e “Quase ao Alcance do Olhar”.

 

A voz de Cris é legal e tem um timbre que fica entre o de Ná Ozzetti e o de Paula Toller. Esta, aliás, participa como convidada especial da mediana faixa “Bom Dia”. O som de Cris é bem trabalhado e se no primeiro CD a pegada era bem mais pop-rock, neste a cantora se apresenta com um som mais suave.

 

O violão preciso e inventivo de Celso Fonseca faz a diferença na faixa “Nenhuma Dor”, bela canção pouco conhecida de Caetano Veloso, uma das melhores faixas do CD. Outro bom momento é o gostoso samba “Falso Amor”, através do qual se pode comprovar a evolução criativa de Jair Oliveira como compositor.

 

“Atemporal” se trata de um álbum coeso e dá prosseguimento à carreira de uma artista de talento que merece começar a ter o seu trabalho mais conhecido.

 

N O V I D A D E S

 

·                     As inscrições para o Festival de Música Sescanção referente à edição de 2005 estarão abertas no período de 7 a 23 de março e poderão ser feitas nas Centrais de Atendimento do Sesc ou na Casa do Artista, localizada no Calçadão da Rua Laranjeiras. Trata-se de uma boa oportunidade para os compositores sergipanos poderem mostrar os seus novos trabalhos até porque as doze canções selecionadas serão registradas em CD a ser gravado no Estúdio Capitania do Som.

·                     Enquanto o grupo Kid Abelha se encontra em fase de finalização dos trabalhos de gravação referentes ao seu novo disco, a banda mineira Pato Fu já se prepara para o lançamento, em março, do seu oitavo CD que sairá de maneira independente.

·                     Completando dez anos na gravadora Universal, Zeca Pagodinho planeja lançar, no próximo mês, o seu novo CD que levará o nome de “À Vera” e tem a assinatura de Rildo Hora na produção. A primeira faixa de trabalho será “Cadê Meu Amor?” e o disco contará com participações muito especiais: a Velha Guarda da Portela se faz presente em “Coração Feliz”, uma bela parceria de Mauro Diniz e Monarco, e o inusitado trio formado por Marcelo D2, Seu Jorge e Jorge Aragão marca presença na canção “Zeca, Cadê?”.

·                     Gravado em meados do ano passado, sairá no comecinho de abril o terceiro CD de Max de Castro no qual o artista estará incursionando por diversos ritmos brasileiros como o samba, o frevo e o baião. Dentre várias inéditas de sua própria autoria, o artista, que é um dos filhos de Wilson Simonal (o outro é Simoninha), vai contar com as participações de Naná Vasconcelos, de Toninho Horta e do Trio Mocotó e cantará novas parcerias suas com Lulu Santos e Nélson Motta.

·                     Depois do sucesso alcançado pelo CD “O Baú do Trio Nordestino”, lançado em 2003 e que contou com diversas e ilustres participações especiais (Alceu Valença, Fágner, Elba Ramalho, Dominguinhos e Lenine), a gravadora Indie Records está pondo nas lojas o volume 2, trazendo o mais autêntico forró que vem capitaneado por Luiz Mário (voz e triângulo), Coroné (zabumba) e Beto Sousa (sanfona). Desta feita, o time de convidados conta com Alcione, Quininho Valente, o grupo Falamansa e Bezerra da Silva, este em uma de suas últimas gravações. O CD é uma alegria só do começo ao fim e prova que do simples também pode resultar muita coisa boa. Destaque para a faixa “Amor de São João”, uma canção bem interessante. Imperdível para as festas juninas que já estão se aproximando!

·                     O cantor Emílio Santiago já tinha lançado dez discos pela antiga gravadora Polygram, fora o seu álbum inaugural que foi veiculado pela CID em 1975, sem conseguir alcançar o merecido reconhecimento, quando, em 1988, foi convidado pela Som Livre para participar de um projeto (anteriormente rejeitado por outros intérpretes) idealizado por Heleno de Oliveira e produzido por Roberto Menescal no qual seriam regravados sucessos da Música Popular Brasileira de vários gêneros e de diversas épocas. Tal projeto recebeu o nome de “Aquarela Brasileira” e foi o responsável por catapultar Emílio ao sucesso popular. Dono de uma das mais belas vozes masculinas do Brasil, o carioca, que começou a cantar em festivais universitários nos anos setenta, conseguiu vender muito bem, o que fez com que, posteriormente, fossem lançados mais seis volumes. São estes sete trabalhos (que chegaram a alcançar, ao todo, a invejável marca de quatro milhões de cópias) que estão sendo repostos no mercado, todos agora no formato CD, embora com tiragem reduzida. Há registros primorosos como, por exemplo, o medley que reúne “Minha Rainha”, “Retalhos de Cetim”, “Sufoco” e “Alvorecer” (volume 1), “Saigon” (volume 2), “Dias de Lua” (volume 3), “Minha Namorada” (volume 4), “40 Anos” (volume 5), “Flamboyant” (volume 6) e “Cadê Juízo” (volume 7). São trabalhos que marcaram a trajetória musical de Emílio e que devem ser valorizados na medida em que constituem um rico painel do nosso cancioneiro nacional.

 

Á L B U M    A T E M P O R A L

 

Ele é a única personalidade brasileira viva tida como unanimidade nacional. Ele é conhecido mundialmente pelo seu talento e pelos olhos cor de ardósia. Ele é reconhecido como o melhor compositor brasileiro de todos os tempos. Está a se falar de Chico Buarque de Hollanda, artista que há muito já inseriu seu nome no panteão dos gênios da música popular brasileira. Idolatrado até por seus maiores “concorrentes” (como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Milton Nascimento), Chico sempre teve suas canções disputadas pelos maiores intérpretes deste Brasil tropical.

 

Sem lançar trabalho algum desde 1998, quando saiu o CD “As Cidades”, está praticamente certo que, até o fim deste ano, Chico deverá presentear os seus inúmeros fãs com um novo álbum. Mas será que dá para imaginar uma época em que ele lançava anualmente um disco de inéditas? Pois esse período existiu! Durante a década de setenta e o comecinho da de oitenta, Chico, cheio de idéias, extravasava-as principalmente através de seus discos, vários deles verdadeiras obras-primas.

 

Um dos mais perfeitos saiu originalmente em 1980 e é composto de doze preciosas pérolas, interpretadas pelo autor de forma inconfundível. A faixa-título, “Vida”, é uma das mais fortes letras de Chico e já foi registrada também por Simone e Maria Bethânia. “Deixe a Menina” é um samba muito bem humorado que virou hit na voz de Ney Matogrosso. “Mar e Lua” aborda o caso de amor entre duas mulheres e “Morena de Angola” foi composta especialmente para Clara Nunes, após uma viagem feita por ambos para a África. A belíssima “Bastidores” já ganhara, na época, a sua interpretação definitiva na voz de Cauby Peixoto e a regravação de “Fantasia”, antes incluída no repertório do MPB-4, ganhou novas tintas, o que a tornou ao mesmo tempo densa e suave. “Bye Bye, Brasil”, parceria com Roberto Menescal, foi feita para a trilha sonora do filme homônimo e “Não Sonho Mais”, responsável por lançar a paraibana Elba Ramalho como cantora (antes ela só tinha feito trabalhos de atriz), fez parte do filme “República dos Assassinos”, protagonizado por Sandra Bréa. Do disco em tela constam ainda “Já Passou”, “Qualquer Canção” e “De Todas as Maneiras”, mas o maior mérito foi trazer “Eu Te Amo”, parceria iluminada de Chico com Tom Jobim, uma das canções mais bonitas de toda a história da nossa MPB. Um disco sensacional, posteriormente relançado no formato CD (e felizmente ainda em estoque), o qual se faz obrigatório para qualquer pessoa de bom gosto!

 

Quaisquer críticas e/ou sugestões serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br

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